A vitória chilena sobre os dogmas de Dunga e o deserto de ideias na seleção
Na divulgação das escalações em Santiago, a presença de Daniel Alves e Marcelo nas laterais era sinônimo de Luiz Gustavo e Elias plantados à frente da zaga para auxiliar na cobertura. Como Mauro Silva e Dunga em 1994. Ideia que ficou em algum lugar no passado. Resultado prático e óbvio: uma seleção brasileira engessada e previsível.
Ainda assim, não foi mal no primeiro tempo. Compactou linhas de quatro deixando Oscar mais solto e próximo de Hulk. Teve 53% de posse de bola, nove desarmes certos contra cinco. Até contava com Douglas Costa pela esquerda para cima de Isla.
Havia controle, mas faltava profundidade, também maior circulação da bola pelo centro e mobilidade do quarteto ofensivo. Volantes plantados protegendo a zaga que perdeu David Luiz, substituído por Marquinhos. Oscar sem o passe diferente, definhando com o tempo.
O Chile não repetiu a intensidade da Copa América, nem o trabalho coordenado entre as intermediárias. Sem Aránguiz, com Vidal e Valdívia nitidamente com problemas físicos e o meio esvaziado por conta dos três defensores e Isla e Beausejour nas alas.
O técnico Jorge Sampaoli percebeu a queda gradativa no meio-campo e antes do intervalo trocou o zagueiro Francisco Silva por Mark González, posicionando quatro homens na retaguarda, preenchendo o meio e fechando o setor de Daniel Alves. A primeira resposta da substituição foi o chute na trave de Alexis Sánchez. A mais perigosa das cinco finalizações chilenas contra quatro.
A senha para o domínio dos donos da casa na segunda etapa. O Brasil de Dunga foi recuando, perdendo a rapidez nas transições ofensivas, mesmo com espaços, e dando campo a um Chile que cresceu ainda mais com Matias Fernández no lugar de Valdívia, liberando Vidal na criação e avançando as linhas de vez.
Dunga manteve Oscar em campo e só fez a segunda mexida depois do gol de Vargas na bola parada. Ricardo Oliveira no lugar de Hulk entregou mais presença na área adversária. Mais tarde, a ousadia tardia com Lucas Lima na vaga de Luiz Gustavo.
Porque o segundo gol chileno foi simbólico: Marcelo abandonou a lateral esquerda para arriscar um bote errado, Alexis Sánchez e Vidal entraram tabelando na área até o gol do atacante do Arsenal. Bela jogada, como a seleção brasileira fez um dia e hoje espera por Neymar em um preocupante deserto de ideias.
Mesmo sem brilho, o Chile vence o país cinco vezes campeão mundial depois de 14 jogos em 15 anos. Também deixa nova lição da força do trabalho coletivo que potencializa os talentos. Sem contar a visão atual de futebol, bem diferente dos conceitos arcaicos de Dunga. Dogmas que vão sangrando uma boa geração de jogadores.
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