Precisamos falar sobre a arbitragem
Ricardo Marques Ribeiro. Árbitro FIFA de Minas Gerais. Vasco 1×1 Chapecoense no Maracanã. Não era decisão, mas o empate pode empurrar um dos clubes, ou até os dois, para a Série B. Uma mancha na história, redução das receitas, impacto grande na gestão. Coisa muito séria.
Não dá mais para tratar a arbitragem como um mero detalhe no jogo, sem a profissionalização para que a cobrança seja mais forte e justa e o auxílio dos recursos eletrônicos mais uma ferramenta para minimizar os erros.
Nos dois gols anulados da Chapecoense, um impedimento claro e a falta discutível de Túlio de Melo em Luan. Mas marcável, lance de interpretação – este que escreve deixaria o jogo seguir. O mais grave aconteceu depois.
Primeiro o toque de Rodrigo no pênalti contra o Vasco. No quadril, não na mão. Nem pelas esdrúxulas orientações da FIFA sobre "movimento natural", "aumento do volume do corpo" e "ação deliberada", que no fundo rasgam as regras do jogo e recomendam que pênaltis antes não assinalados agora sejam marcados, a penalidade seria possível. Mas foi. A não reclamação do zagueiro não pode ser parâmetro para a análise do lance.
E o pior estava por vir. Cruzamento alto e lento para a área do time visitante, Thiago Luís sobe na disputa com apenas um vascaíno, estica o braço e toca na bola. Lance isolado, mais do que nítido. Pênalti claríssimo, pela regra e mais ainda pela nova recomendação. Ricardo Marques Ribeiro mandou seguir. Absoluta incoerência.
As denúncias de Eurico Miranda contra o presidente da Federação Catarinense e vice da CBF Delfim Moreira ficam no campo da especulação, da pressão natural que o dirigente vascaíno sempre soube fazer muito bem, não exatamente com a intenção de moralizar a arbitragem. Também está claro que se fosse algo "encomendado" os gols anulados da Chapecoense teriam sido validados.
Só que os erros foram graves. E não os únicos. Para muitos são estes equívocos que tornam o futebol ainda mais apaixonante por conta da polêmica. Difícil concordar quando o trabalho de um clube envolvendo vários profissionais bem remunerados fica à mercê de um amador sem o devido preparo. Já basta a imprevisibilidade e todos os outros componentes que fazem do esporte o mais popular do planeta. O árbitro tem que ser o mediador mais preciso possível.
No Maracanã ficou devendo, como o Vasco deve pontos e futebol por toda a campanha no Brasileiro de 2015, apesar da recuperação que parece tardia. O possível rebaixamento não será injusto. Mas os cruzmaltinos não deixaram de ser vítimas de uma arbitragem desastrosa. Com a chancela FIFA e a conivência da CBF e dos próprios clubes. Sintomático.
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