Dunga acerta formação e tática, mas ainda falta a dinâmica do jogo coletivo
A entrada de Douglas Costa na vaga de Ricardo Oliveira era até óbvia depois dos 56 minutos perdidos em Buenos Aires. A boa nova mesmo na seleção brasileira foi a entrada de Renato Augusto. Por aproveitar o entrosamento com Elias no meio-campo, mas principalmente por reorganizar a equipe de Dunga num 4-1-4-1.
A mudança no desenho tático garante, em tese, a chegada à frente de cinco homens, mais um dos laterais. Com Luiz Gustavo centralizado à frente da defesa, a cobertura do lateral que desce fica definitivamente a cargo do zagueiro – Gil pela direita, Miranda à esquerda.
Dunga acertou e o Brasil melhorou. Apesar de mais um mau início de partida na Fonte Nova. O Peru do argentino Ricardo Gareca alternava quatro e cinco homens na última linha defensiva com o recuo de Tapia. Mas sem abdicar do ataque, com liberdade de movimentação para Farfán. O problema é a queda técnica absurda de Guerrero. No Flamengo e na seleção. Quando acertou, Gil salvou sobre a linha no segundo tempo.
Willian acabou de descomplicar com a jogada individual pela direita finalizada por Douglas Costa na pequena área. Na segunda etapa, duas vitórias pessoais do ponteiro do Bayern de Munique pela direita na inversão de lado, gols de Renato Augusto e Filipe Luís, este no rebote.
Nenhum de Neymar, que errou além da conta para sua excelência. Lances simples, que não dependiam de entrosamento ou ação coletiva. Ficou devendo. Mas vencer sem depender de sua maior estrela não deixa de ser boa notícia.
3 a 0, vitória tranquila, fim de ano na zona de classificação para o Mundial. Positivo em um 2015 irregular. Segue faltando, porém, a dinâmica para que a execução do 4-1-4-1 ou de qualquer sistema não dependa tanto de lampejos e espasmos. Na inevitável comparação com o Corinthians de Tite, falta o tempo de trabalho diário.
Mas também conceitos. Saída de bola coordenada, triangulações, movimentação com a bola em progressão criando linhas de passes. O jogo coletivo que é mais raro no universo das seleções. Mas possível.
Missão para 2016. Com Dunga, novamente sustentado pelos resultados. Será possível evoluir mais? O técnico da seleção ganha, ao menos, o benefício da dúvida.
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