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André Rocha

Dunga acerta formação e tática, mas ainda falta a dinâmica do jogo coletivo

André Rocha

18/11/2015 00h20

A entrada de Douglas Costa na vaga de Ricardo Oliveira era até óbvia depois dos 56 minutos perdidos em Buenos Aires. A boa nova mesmo na seleção brasileira foi a entrada de Renato Augusto. Por aproveitar o entrosamento com Elias no meio-campo, mas principalmente por reorganizar a equipe de Dunga num 4-1-4-1.

A mudança no desenho tático garante, em tese, a chegada à frente de cinco homens, mais um dos laterais. Com Luiz Gustavo centralizado à frente da defesa, a cobertura do lateral que desce fica definitivamente a cargo do zagueiro – Gil pela direita, Miranda à esquerda.

Flagrante do 4-1-4-1 com a entrada de Renato Augusto com Elias mais avançado na articulação e Luiz Gustavo plantado à frente da defesa (reprodução TV Globo).

Flagrante do 4-1-4-1 com a entrada de Renato Augusto com Elias mais avançado na articulação e Luiz Gustavo plantado à frente da defesa (reprodução TV Globo).

Dunga acertou e o Brasil melhorou. Apesar de mais um mau início de partida na Fonte Nova. O Peru do argentino Ricardo Gareca alternava quatro e cinco homens na última linha defensiva com o recuo de Tapia. Mas sem abdicar do ataque, com liberdade de movimentação para Farfán. O problema é a queda técnica absurda de Guerrero. No Flamengo e na seleção. Quando acertou, Gil salvou sobre a linha no segundo tempo.

Willian acabou de descomplicar com a jogada individual pela direita finalizada por Douglas Costa na pequena área. Na segunda etapa, duas vitórias pessoais do ponteiro do Bayern de Munique pela direita na inversão de lado, gols de Renato Augusto e Filipe Luís, este no rebote.

Nenhum de Neymar, que errou além da conta para sua excelência. Lances simples, que não dependiam de entrosamento ou ação coletiva. Ficou devendo. Mas vencer sem depender de sua maior estrela não deixa de ser boa notícia.

3 a 0, vitória tranquila, fim de ano na zona de classificação para o Mundial. Positivo em um 2015 irregular. Segue faltando, porém, a dinâmica para que a execução do 4-1-4-1 ou de qualquer sistema não dependa tanto de lampejos e espasmos. Na inevitável comparação com o Corinthians de Tite, falta o tempo de trabalho diário.

Mas também conceitos. Saída de bola coordenada, triangulações, movimentação com a bola em progressão criando linhas de passes. O jogo coletivo que é mais raro no universo das seleções. Mas possível.

Missão para 2016. Com Dunga, novamente sustentado pelos resultados. Será possível evoluir mais? O técnico da seleção ganha, ao menos, o benefício da dúvida.

Peru alternou quatro e cinco defensores com o recuo de Tapia, mas faltou eficiência na frente, especialmente de Guerrero. Melhor para a seleção brasileira mais organizada, porém ainda dependente das ações individuais (Tactical Pad).

Peru alternou quatro e cinco defensores com o recuo de Tapia, mas faltou eficiência na frente, especialmente de Guerrero. Melhor para a seleção brasileira mais organizada, porém ainda dependente das ações individuais (Tactical Pad).

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.