O recital de Iniesta e a irresponsabilidade de Benítez na goleada do Barça
A escalação de Rafa Benítez foi uma irresponsabilidade. Ponto. Não é uma análise no calor do pós-jogo.
Você leu AQUI que o técnico do Real Madrid no início da temporada testou um 4-2-3-1 que posicionava James Rodríguez à direita e centralizava Bale na linha de três meias. Com Cristiano Ronaldo aberto pela esquerda, criava um problema defensivo: o português não volta para auxiliar Marcelo e provoca um "efeito dominó", porque Kroos ou Modric e Sergio Ramos precisam abrir e auxiliar na cobertura e deixam espaços no meio.
As lesões obrigaram Benítez a mudar. Com todos disponíveis, o treinador arriscou o quarteto ofensivo contra o Barcelona no Santiago Bernabéu, com três que não vinham atuando recentemente, por lesão: Bale, Benzema e James. Um risco pelo ritmo de jogo. Só há três leituras para esta formação: plena convicção, o que seria loucura, interferência externa (leia-se Florentino Pérez) ou transferência de responsabilidade – "escalei os melhores, está aí o time ofensivo que o torcedor quer". De qualquer forma, um erro. Ou tragédia anunciada.
O plano era adiantar a marcação, sufocar a transição ofensiva do rival e isolar Suárez e Neymar. Com cinco minutos, Bale foi para a esquerda e Ronaldo se juntou a Benzema na frente. Durou exatos dez minutos, com boa jogada de Ronaldo pela direita. Até Sergi Roberto, o substituto de Messi no 4-3-3 culé, aproveitar o buraco entre Modric e Sergio Ramos e, infiltrar em diagonal para acionar Luís Suárez no espaço deixado pela saída de Ramos.
Acabou a disputa, começou o espetáculo de Iniesta. Ditando o ritmo com passes curtos e longos, trabalhando com Jordi Alba à esquerda e permitindo que Neymar procurasse Suárez, como na tabela que Varane salvou sobre a linha. Por lesão, Luis Enrique foi obrigado a trocar Mascherano por Mathieu.
O time merengue seguiu adiantando a marcação e até fazendo Bravo trabalhar. O problema era quando o Barça, com bola no chão, ultrapassava essa pressão. Sobravam espaços entre o meio e a defesa madridista. Impedido por muito pouco, Neymar ampliou ainda no primeiro tempo. Passe de Iniesta. Na segunda etapa, o artilheiro do Espanhol com 12 gols participou da jogada espetacular que terminou no golaço do camisa oito, o melhor em campo.
A senha para Luis Enrique mandar Messi a campo, muito mais para ganhar ritmo. Ainda houve mais um de Suárez, fechando os 4 a 0. A terceira goleada em apenas seis anos, se juntando aos 6 a 2 de 2009, também no Bernabéu, e 5 a 0 no Camp Nou. É a história do maior clássico do planeta sendo escrita diante dos nossos olhos.
Desta vez com as tintas do pecado letal de Benítez e do recital de Iniesta.
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