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André Rocha

Máquina do tempo de Eurico Miranda estaciona o Vasco na Série B

André Rocha

07/12/2015 05h44

No ano da graça de 2015, o Vasco em grave crise financeira retornou à Série A depois de sofrer na segunda divisão e acreditou na volta ao passado para reconstruir o futuro.

Errou feio. O discurso da volta do respeito se sustentou no Carioca com a chancela da FERJ de Rubens Lopes, aliado político de Eurico Miranda.

No Brasileiro, o título estadual conquistado depois de 12 anos mais na aplicação e na mobilização do clube que na qualidade criou uma ilusão de competitividade na equipe de Doriva – uma das poucas apostas no novo.

Dagoberto falou o que saltava aos olhos e foi engolido pelo populismo que encanta os mais fanáticos e ingênuos. Mais uma prova de que o planejamento para se estabilizar na temporada de retorno à elite simplesmente inexistiu.

Veio Celso Roth e quando o Vasco despertou estava virtualmente rebaixado, com 13 pontos no turno. Com o risco de fazer a pior campanha da história dos pontos corridos.

Chegaram Jorginho e Nenê. Mais alguns reforços, inclusive o Leandrão do gol sobre a Ponte Preta que sinalizou a recuperação.

Só que o passivo era grande e não dava margem às oscilações de desempenho e variáveis como lesões, suspensões e erros de arbitragem.

O novo time, armado num 4-3-1-2 que virou 4-3-3 com o avanço definitivo de Nenê para desequilibrar, contou com a estagnação dos concorrentes junto aos próprios méritos para sobreviver até a última rodada.

Sobrou chuva em Curitiba. Faltou bola. Também fôlego na segunda metade do segundo tempo e um pênalti em seu camisa dez onipresente na primeira etapa. O empate sem gols, combinado com o empate do Avaí contra o Corinthians e a vitória do Figueirense sobre o Fluminense, que lutou nos 90 minutos, foi fatal.

O Vasco terminou com o pior saldo de gols: -26. Só marcou mais gols que o Joinville e sofreu menos que o Avaí. Pífio. A frustração de ter chegado tão perto, exatamente três pontos, se mistura à tristeza pelo terceiro rebaixamento em sete anos. O primeiro com Eurico, que prometeu a permanência entre os grandes enquanto fosse vivo. Como se entrasse em campo. O pecado capital foi acreditar.

Idéias e práticas arcaicas e provincianas. Grandeza apenas no discurso sem base prática. A velha máquina do tempo prometeu levar o Vasco aos tempos de glória. Estacionou na Série B.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.