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André Rocha

A Ásia (e o Brasil) na rota de River Plate e Barcelona no Mundial

André Rocha

13/12/2015 16h24

Os favoritos Mazembe e América do México sucumbiram no Mundial Interclubes FIFA. O River Plate vai encarar o campeão japonês em Osaka pela semifinal. Porque o Sanfrecce Hiroshima enfiou três flechas mortais no campeão africano.

A equipe do técnico Hajime Moriyasu atua no 5-4-1 com bom posicionamento defensivo e trabalho coletivo coordenado. Ataca pela direita com o ala croata Mikic aproveitando o corredor deixado pelo brasileiro Douglas, que infiltra em diagonal para se juntar a Hisato, o único atacante.

Flagrante do Sanfrecce Hiroshima no 5-4-1 compacto e estreito que é forte pela direita com Kimic e Douglas (reprodução Fox Sports).

Flagrante do Sanfrecce Hiroshima no 5-4-1 compacto e estreito sem a bola que é forte na bola parada e pela direita com Kimic e Douglas (reprodução Fox Sports).

Eficiência mesmo só na bola parada. Na primeira etapa de apenas 48% de posse e quatro finalizações contra dez do Mazembe. Uma no alvo, a do zagueiro Shiotani. Outra no início da segunda etapa, de Chiba. Dois zagueiros, nos dois escanteios para a equipe até então.

Aos africanos, faltaram objetividade, movimentação e um pouco de respeito aos orientais. Quase num 4-2-4, o "'Todo Poderoso" ficou longe de repetir o feito de 2010. Jogou como se tivesse a convicção de que venceria a qualquer momento, inclusive deixando o veterano e folclórico goleiro Kidiaba no banco.

Muito individualismo, também desatenção na retaguarda. No terceiro do Hiroshima, troca de passes, mais uma descida de Kimic e gol de Asano, que entrara na vaga de Hisato. Belo gol.

Mazembe praticamente num 4-2-4 cedeu muitos espaços e falhou nas bolas paradas contra o bem coordenado campeão japonês (Tactical Pad).

Mazembe praticamente num 4-2-4 cedeu muitos espaços e falhou nas bolas paradas contra o bem coordenado campeão japonês (Tactical Pad).

Um risco para o campeão da Libertadores que busca o título inédito no atual formato do Mundial Interclubes. A equipe de Marcelo Gallardo sofre com a oscilação natural depois das conquistas continentais seguidas, incluindo a Sul-Americana de 2014. Da base vencedora perdeu Téo Gutierrez, Funes Mori e Cavenaghi.

O uruguaio Carlos Sánchez é o destaque, mesmo já negociado com o Monterrey. A queda de rendimento da equipe foi brusca. Eliminado nas semifinais da Sul-Americana para o Huracán e apenas a nona colocação no Argentino, com duas vitórias nas últimas dez partidas – seis derrotas. A semifinal requer atenção.

Também do Barcelona, apesar do favoritismo absoluto. Três empates seguidos contra Valencia, Bayer Leverkusen e La Coruña, a dúvida no aproveitamento de Neymar.

Uma esperança para o Guangzhou Evergrande, de Felipão, Paulinho, Ricardo Goulart, Robinho e Elkeson. Campeão asiático, invicto há 29 partidas oficiais, 25 com o técnico brasileiro. Virada na fibra sobre o campeão da Concacaf com assistência e gol de Paulinho, este no último lance que lembrou o marcado pelo Corinthians sobre o Vasco na semifinal da Libertadores de 2012.

Mas time espaçado, no 4-2-3-1. O volante Zheng tem bom passe e liderança como capitão, porém afunda muito com a última linha de defesa. Já Paulinho avança para se juntar ao quarteto ofensivo com os três brasileiros, mais Huang, que se sacrifica voltando para dar liberdade aos companheiros mais talentosos.

Time de Felipão avança Paulinho para se juntar ao quarteto ofensivo que não contou com um Robinho aceso. Guangzhou deixou muitos espaços entre as intermediárias (reprodução Fox Sports).

Time de Felipão avança Paulinho para se juntar ao quarteto ofensivo que não contou com um Robinho aceso. Guangzhou deixou muitos espaços entre as intermediárias (reprodução Fox Sports).

O América abriu o placar com Peralta, mas não aproveitou tanto os espaços entre as intermediárias. O time chinês não deve repetir contra o Barcelona, que na posse de bola empurra naturalmente o adversário para o próprio campo.

Convém plantar mais Paulinho e definir um dos brasileiros para defender os lados com Huang numa segunda linha de quatro compacta e estreita. Ou sacar Robinho e manter Long Zheng, o autor do gol de empate que fez o lado esquerdo com mais disciplina.

Nada que aumente as chances de surpresa na semifinal de quinta. Se Neymar pode fazer falta ao time catalão, ver Messi recuperando ritmo e a média de um gol por jogo é mais que um alento. Deve garantir a terceira final mundial do argentino, a quarta do Barcelona.

Para Scolari, não levar mais sete gols em um torneio FIFA já será lucro. Se conseguir o milagre apaga a mancha do Mineirão do currículo. Improvável.

Guangzhou no 4-2-3-1 que sacrifica Huang para liberar os três brasileiros e mais Paulinho; América do México foi superior em boa parte do jogo, mas faltaram gás e atenção no final (Tactical Pad).

Guangzhou no 4-2-3-1 que sacrifica Huang para liberar os três brasileiros e mais Paulinho; América do México foi superior em boa parte do jogo, mas faltaram gás e atenção no final (Tactical Pad).

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.