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André Rocha

Boas sacadas e humildade de Mano Menezes, os trunfos de Deivid no Cruzeiro

André Rocha

14/12/2015 07h06

No dia 1º de setembro, Mano Menezes foi anunciado como novo treinador do Cruzeiro. Com o time na 16ª colocação, a expectativa era que assumisse com urgência e comandasse a equipe, com legado zero de Vanderlei Luxemburgo, já no dia seguinte, em Campinas contra a Ponte Preta.

Sobrou para o auxiliar Deivid, mantido na comissão técnica, mas sem experiência na função para um jogo de tamanha responsabilidade. Uma derrota e a traumática entrada no Z-4 do Brasileiro seria inevitável.

Mais que o alívio pelos três pontos, a vitória por 2 a 1 deixou informações fundamentais para Mano, que assistiu à partida do estádio: Henrique recuado, mais à frente da defesa, dava fluidez à saída de bola. Williams pela direita não prejudicava sua equipe com passes errados nem faltas desnecessárias e ainda marcou belo gol em jogada trabalhada desde a intermediária. A entrada do Ariel Cabral  qualificava o toque no meio.campo e ditava o ritmo. Principalmente, o retorno de Willian, praticamente descartado por Luxemburgo, transferia dinâmica e agilidade ao ataque.

Flagrante do início da jogada do primeiro gol do Cruzeiro na vitória sobre a Ponte Preta em Campinas sob o comando de Deivid: Willians arranca pela direita, com a proteção de Henrique, Ariel Cabral e Willian dando opções. Mudanças do técnico interino aproveitadas por Mano Menezes (reprodução Sportv).

Flagrante do início da jogada do primeiro gol do Cruzeiro na vitória sobre a Ponte Preta em Campinas sob o comando de Deivid: Willians arranca pela direita, com a proteção de Henrique, Ariel Cabral e Willian dando opções. Mudanças do técnico interino aproveitadas por Mano Menezes (reprodução Sportv).

Normalmente o treinador renomado, com passagem pela seleção, já procura no primeiro treino uma mudança que sacuda o elenco – um reserva sem chances anteriormente barrar o titular incontestável transmite um sinal de meritocracia – e também já dê uma "assinatura" à nova formação para esquecer o antecessor.

Nunca saberemos se Mano faria o mesmo caso fossem ideias de Luxemburgo. Mas aproveitar as alterações de Deivid que deram certo ajudou a formar a base da equipe que sustentou invencibilidade de 13 partidas, só foi derrotada por Flamengo e Internacional e chegou a flertar com o G-4.

Mano vai para a China resolver a vida financeira de algumas gerações da família Menezes e Deivid assume a nau celeste. Difícil fazer previsões. Uma coisa é assumir na emergência e acertar na conversa, contando com a cumplicidade dos jogadores. Outra é iniciar o trabalho desde a pré-temporada, com planejamento e o desgaste natural do dia-a-dia. Outros "bombeiros" já sucumbiram nessa transição.

Mas vale a experiência, até como estímulo a novos profissionais. Porque as boas sacadas de Deivid e a humildade de Mano Menezes em setembro definiram em dezembro o nome do novo técnico do Cruzeiro para 2016.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.