Topo

André Rocha

Van Gaal merece respeito e tem desfalques, mas erra demais no United

André Rocha

26/12/2015 18h00

É duro criticar Louis Van Gaal. Campeão por Ajax, Barcelona, AZ Alkmaar e Bayern de Munique. Mesmo controverso e polêmico, é um dos treinadores que contribuíram para a evolução do esporte. Rara referência comum para Pep Guardiola e José Mourinho, que foi seu auxiliar na Espanha.

Há também o dever de relativizar o contexto do Manchester United nas últimas partidas. Sem Schweinsteiger, que começava a dar ritmo ao meio-campo. Luke Shaw, Rojo, Darmian e Valencia também estão fora. Ou seja, as laterais ficaram comprometidas.

Ainda assim, está difícil entender as escolhas do técnico holandês com as peças disponíveis. Contra o Norwich no Old Trafford, um 4-3-3 indecifrável: Rooney enfiado, Martial aberto pela direita bloqueando o corredor que deveria ser explorado pelo "ala" Ashley Young, que apoiava por dentro, afunilando o jogo. Fellaini no meio com Carrick e Juan Mata. Ander Herrera no banco.

Resultado prático: posse de bola inócua, muitos cruzamentos que acabavam empurrando Fellaini para a área adversária e abrindo um buraco no meio e expondo uma retaguarda com Young quase sempre mal colocado na última linha.Um desastre e derrota por 2 a 1 em casa.

Na derrota para o Norwich no Old Trafford, o indecifrável 4-3-3 que isolou Rooney, abriu um buraco no meio com o avanço de Fellaini e Martial espetado à direita, obrigando Ashley Young a apoiar por dentro e criar um problema defensivo. Uma tragédia (Tatical Pad).

Na derrota para o Norwich no Old Trafford, o indecifrável 4-3-3 que isolou Rooney, abriu um buraco no meio com o avanço de Fellaini e Martial espetado à direita, obrigando Ashley Young a apoiar por dentro e criar um problema defensivo. Uma tragédia (Tatical Pad).

Semana conturbada, fortes rumores de Mourinho em Manchester e Van Gaal exigindo desculpas dos jornalistas na coletiva pré-jogo. Pressão. Eliminação na Liga dos Campeões, quatro partidas sem vitória.

Agora cinco. E como isentar o treinador nos 2 a 0 do Stoke City sobre os Red Devils no Boxing Day? Algumas correções até foram efetuadas, como Mata voltando ao lado direito para abrir o corredor para Young e Martial como referência na frente.

Mas deixar Rooney no banco, ao invés de posicioná-lo atrás do centroavante móvel, participando da articulação e chegando na área para finalizar? Ander Herrera fazendo dupla à frente da defesa com Carrick é mais que aceitável. Mas não para adiantar Fellaini, que pouco contribui para a construção do jogo.

Uma formação ofensiva possível (e até óbvia) do United: Martial como um atacante móvel, com Rooney chegando de trás, articulando com Mata, cortando da direita para dentro e abrindo espaços para Young (Tactical Pad).

Uma formação ofensiva possível (e até óbvia) do United: Martial como um atacante móvel, com Rooney chegando de trás, articulando com Mata, cortando da direita para dentro e abrindo espaços para Young (Tactical Pad).

Fora de casa, perdeu posse de bola e, sem confiança, foi envolvido pelo Stoke de Shaqiri, Affelay, Arnautovic e Bojan, mas sem maiores riscos. Até Depay falhar grotescamente na disputa com Glen Johnson, que serviu Bojan.

Erro individual, mas também um "efeito dominó" de uma equipe mal armada que, ainda mais instável, sofreu o segundo. Toque bobo de mão de Young, golaço de Arnautovic no rebote da cobrança de Bojan. 2 a 0 em 25 minutos.

Diante do Stoke, Ander Herrera no lugar de Rooney para avançar Fellaini, que pouco contribui para a construção do jogo e isolou Martial (Tactical Pad).

Diante do Stoke, Ander Herrera no lugar de Rooney para avançar Fellaini, que pouco contribui para a construção do jogo e isolou Martial (Tactical Pad).

A senha para o Stoke reduzir o ritmo e Van Gaal mandar Rooney a campo na vaga de Depay no segundo tempo. Martial foi fazer o lado esquerdo. Fellaini seguiu em campo para perder chance cristalina e o goleiro Butland garantir o time da casa com outras duas boas defesas.

Pouco para tamanho investimento. Desempenho ridículo para o currículo mais que respeitável de Van Gaal, que parecia o nome mais indicado para uma sucessão real de Alex Ferguson depois da patética gestão de David Moyes.

Será que resiste à pesada sombra de Mourinho?

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.