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André Rocha

Ibrahimovic, Cavani e Jonas - fazedores de gols e o mata-mata da Champions

André Rocha

17/02/2016 06h54

Cavani_PSG_Chelsea

O futebol atual em seu mais alto nível já descarta o centroavante que, mesmo cheirando a gol, é lento, pouco participativo e torna as ações ofensivas de sua equipe previsíveis.

Este blogueiro, inclusive, prefere um time sem o típico camisa nove se não houver um nome inquestionável. Como na seleção brasileira, que pode aproveitar mais de Neymar perto da zona de decisão.

O finalizador, porém, é imprescindível. Em qualquer posição e função que não atrapalhe o time. Aquele que garante os três pontos, faz o gol do 1 a 0 ou do 2 a 1. Não por acaso costumam ser os maiores salários do mercado. A diferença no jogo duro, de máxima concentração dos defensores, de goleiros acesos. Decisivo. De mata-mata.

Não cabe aqui a velha discussão sobre a emoção dos pontos corridos. Desde sempre a liga que premia o melhor é a que viabiliza o futebol profissional, com garantia de calendário e, consequentemente, planejamento. E em qualquer tempo, em todos os países, os dois formatos caminham juntos e convivem bem.

Em qualquer decisão, porém, o fazedor de gols é fundamental. Porque o trabalho coletivo, o ataque posicional ou o jogo de transição precisa daquele que transforma em bola na rede a chance cristalina. Ou mesmo a improvável.

Como Ibrahimovic no Parc des Princes abrindo o placar para o Paris Saint-Germain sobre o Chelsea na cobrança de falta que desviou em Obi Mikel. O craque com fama de "amarelão" em jogos decisivos da Liga dos Campeões transformou em vantagem o controle da posse de bola que chegou a 72%. Oito finalizações, mas só duas no alvo no primeiro tempo.

Na oportunidade de Diego Costa, o finalizador dos Blues, o goleiro Trapp salvou no reflexo. Obi Mikel se "redimiu" empatando e o jogo ficou mais igual. No 4-3-3 do PSG, Di Maria e Lucas alternavam pelas pontas, infiltravam em diagonal no espaço deixado pela movimentação de Ibrahimovic. Faltava a contundência.

Entrou Cavani. Atacante. Finalizador. Sacrificado pela presença da estrela sueca no centro do ataque, mais longe que o habitual da meta adversária. Mas letal na primeira intervenção, cinco minutos depois de substituir Lucas. Frio à frente de um goleiro portentoso como o belga Courtois.

Fazendo valer o mando de campo do time francês, que leva vantagem nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões para Londres. Mas nem tanto. O paradoxo: o gol de Mikel, volante reserva, pode fazer a diferença mais uma vez no terceiro duelo seguido entre PSG e Chelsea. Vaga sempre definida no "gol qualificado". Mas é melhor apostar em Diego Costa no Stamford Bridge. Assim como o rival deve manter a fé nos seus goleadores que fizeram a diferença em Paris.

Assim foi também em Lisboa. Disputa equilibrada com o Zenit, que superou a inatividade de 70 dias pela parada do campeonato russo por conta do inverno rigoroso com organização defensiva e um pouco mais de cadência no ritmo de Danny e Shatov. Mas sem abdicar do ataque com Hulk e Dzyuba.

O Benfica fez de tudo para se impor em seus domínios: 61% de posse, 15 finalizações contra cinco – cinco a dois na direção das metas de Lodygin e Julio César, respectivamente. Aos 44 do segundo tempo, a vantagem numérica com a expulsão do italiano Criscito. Parecia tarde.

Não para Jonas. Artilheiro absoluto do Campeonato Português com 23 gols em 22 partidas. Mas apenas um anotado na fase de grupos do torneio continental. Questionado e pressionado, o brasileiro apareceu já nos acréscimos para marcar de cabeça, na força e na fibra, explodir o Estádio da Luz. Construindo, em tese, vantagem mais favorável que a do PSG.

Nos dois duelos da volta na principal competição de clubes do planeta, a consistência e o bom jogo coletivo serão fundamentais. Mas o "acabamento" é o que define. Para isso as equipes contam com seus fazedores de gols. Com classe, técnica ou de forma simplória, rústica.

Na essência, descarnando todas as "camadas" que o futebol pode ter, é o que vale.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.