Topo

André Rocha

Empate em Recife é o de menos. Até quando o David Luiz? Outro 7 a 1?

André Rocha

26/03/2016 00h45

A seleção brasileira fazia sua melhor atuação coletiva em jogos oficiais nesta segunda passagem de Dunga. Saída de bola com qualidade, transição com Renato Augusto distribuindo bem os passes e o trio Willian-Neymar-Douglas Costa acelerando no último terço do campo, aproveitando as fragilidades da retaguarda do Uruguai sem Godín e Giménez, com Victorino e Coates.

Trabalho facilitado pelo gol de Douglas Costa antes do primeiro minuto na Arena Pernambuco. Com Fernandinho na área uruguaia. Meia no 4-1-4-1 mantido depois da vitória sobre o Peru. Desta vez sem Neymar procurando o espaço de Douglas à esquerda. Pelo centro, boa visão de jogo do camisa dez. Nem tanto o passe que Renato Augusto aproveitou a falha de Álvaro González com bela finta em Muslera. Golaço.

Até a inversão às costas de Filipe Luís – valorizado por Dunga desde a primeira convocação pelo melhor desempenho defensivo em relação a Marcelo – e o toque de Sánchez que encontrou Cavani. Porque David Luiz ficou apenas olhando a bola.

Gol que equilibrou as ações já na primeira etapa de 59% de posse e seis finalizações brasileiras contra quatro – três no alvo para cada lado.

Seleção brasileira repetiu o 4-1-4-1 que envolveu as duas linhas de quatro uruguaias até a falha defensiva que recolocou a Celeste no jogo com o gol de Cavani (Tactical Pad).

Seleção brasileira repetiu o 4-1-4-1 que envolveu as duas linhas de quatro uruguaias até a falha defensiva que recolocou a Celeste no jogo com o gol de Cavani (Tactical Pad).

Início da segunda etapa. Passe para Suárez e o David Luiz disperso na cobertura como quase sempre demorou a chegar. Chute nem tão forte do camisa nove, bola defensável que Alisson aceitou. Empate.

Na conta de David Luiz. Sem perseguição. Apenas constatação. Se Thiago Silva foi descartado pela frágil liderança na Copa do Mundo e a falha na Copa América, o que falta para outro zagueiro menos destrambelhado e aleatório nas tomadas de decisão ganhar a chance de construir uma seqüência na defesa brasileira?

A virada celeste quase saiu em outro erro imperdoável do camisa quatro que o artilheiro do Barcelona só não aproveitou porque desta vez Alisson foi bem. Falhas capitais que desestabilizaram uma boa atuação.

Dunga tentou com Coutinho, Ricardo Oliveira e, no final, Lucas Lima uma resposta ao movimento de Oscar Tabárez que trocou Cristian Rodríguez por Álvaro González já depois do intervalo. Desmontou o 4-4-2 e repaginou num 4-1-4-1 abrindo Cavani à esquerda. Depois tirou Sánchez e colocou Stuani, ponteiro que também teve sua chance à frente de Alisson.

Uruguai repaginado num 4-1-4-1 foi mais equilibrado no segundo tempo e poderia ter virado na falha de David Luiz que Suárez não aproveitou. As substituições de Dunga não surtiram efeito (Tactical Pad).

Uruguai repaginado num 4-1-4-1 foi mais equilibrado no segundo tempo e poderia ter virado na falha de David Luiz que Suárez não aproveitou. As mudanças de Dunga na frente não surtiram efeito (Tactical Pad).

Saldo final: Brasil com 58% de posse, mas só mais duas conclusões contra oito uruguaias. Sintomático.

Faltou um pouco de Neymar, suspenso para o jogo contra o Paraguai, para ao menos tentar descomplicar no talento. Faltou consistência a Willian, Renato Augusto e Douglas Costa. Faltou calma na adversidade. O empate frustra, mas até fica em segundo plano.

Porque David Luiz está sobrando. Não dá mais para ele. Até quando a insistência? Outro 7 a 1?

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.