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André Rocha

A incoerência na escalação de Guerrero e a incrível virada de Riascos

André Rocha

31/03/2016 01h02

O Flamengo é o clube que mais reclama do desgaste pela seqüência de jogos e viagens em 2016. Escalou um atleta menos de 24 horas depois de atuar por noventa minutos em um jogo duro de Eliminatórias. Nem o pedido e o esforço do jogador justificavam, até porque a decisão final não pode caber a ele.

Incoerência que cobrou seu preço em campo com um Guerrero desorientado, perdendo dois gols feitos no mesmo lance e mais uma vez caindo na provocação de Rodrigo. Até um juvenil sabe que não se responde um beliscão com cotovelada.

O peruano se livrou de uma expulsão, assim como Márcio Araújo por duas faltas duras seguidas. No segundo tempo, Rodrigo também mereceu o vermelho por um pisão em Guerrero. Disputa tensa no gramado, em paz nas arquibancadas do Mané Garrincha.

O Vasco novamente deve a Martín Silva um clássico sem derrota. O uruguaio justificou o esforço para escalá-lo com defesas importantes. Fruto da superioridade do adversário, com boa movimentação, especialmente de Ederson às costas de Marcelo Mattos.

A equipe de Jorginho isolou Nenê muito adiantado e pelos flancos, perdendo transição, apesar da boa atuação de Andrezinho e da posse de 52% no primeiro tempo. Cinco finalizações contra oito, nenhuma no alvo contra seis. A melhor oportunidade com Madson, que não escapou da saída precisa de Paulo Victor.

Flamengo superior no primeiro tempo com Ederson mais avançado, circulando às costas de Marcelo Mattos; Vasco acuado e com Nenê isolado, procurando os flancos (Tactical Pad).

Flamengo superior no primeiro tempo com Ederson mais avançado, circulando às costas de Marcelo Mattos; Vasco acuado e com Nenê isolado, procurando os flancos (Tactical Pad).

Antes do intervalo, a troca de Jorge Henrique por Caio Monteiro. Depois Diguinho entrou na vaga de Julio dos Santos. Mas para jogar plantado à frente da defesa, protegendo e ajudando na saída de bola, liberando Marcelo Mattos à direita no losango do meio-campo.

O Vasco controlou até Muricy perceber e trocar Ederson por Alan Patrick, desfazendo a espécie de 4-2-3-1 para o 4-3-3 desde o início da temporada. Com o meio novamente encorpado, a saída de Emerson, de novo inócuo pela esquerda, para a entrada de Cirino transferiu Gabriel para a esquerda e fez o time recuperar domínio.

Até Rodrigo falhar no posicionamento, Patrick acionar Cirino e o Fla voltar a ir às redes depois de quatro jogos. A chance de vencer o rival após sete clássicos.

Mas Riascos entrara no lugar de Thalles. Vindo de lesão. Artilheiro do cruzmaltino na temporada. Agora com sete gols, porque aproveitou mais uma falha de posicionamento da retaguarda do rival em jogada de bola parada. Empate.

Incrível virada do atrapalhado atacante colombiano, que vai superando suas muitas limitações técnicas. As chances de renovar contrato em maio só aumentam, embora continue não sendo suficiente para o ataque vascaíno, mesmo na Série B.

A última das 18 finalizações rubro-negras foi de Willian Arão. Livre na pequena área, não dominou e a bola tocou na trave. Impressionante a felicidade do Vasco nos últimos duelos que em outros tempos pendiam para o lado vermelho e preto.

Vasco recuperou o meio-campo com Diguinho plantado e Marcelo Mattos liberado à direita do losango e empatou com Riascos; Flamengo voltou a dominar com as entradas de Alan Patrick e Cirino.

Vasco recuperou o meio-campo com Diguinho plantado e Marcelo Mattos liberado à direita do losango e empatou com Riascos; Flamengo voltou a dominar com as entradas de Alan Patrick e Cirino (Tactical Pad).

O time de Jorginho segue líder da Taça Guanabara e sem derrotas na temporada. Só não pode focar na invencibilidade e oscilar no desempenho. Com a escalação de Guerrero, Muricy perde o argumento do cansaço, mas sua equipe sinaliza recuperação em técnica e tática. Não bastou para voltar a vencer em Brasília.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.