Carta aberta ao torcedor: não vivemos em função de você, nem de seu clube!
Jornalista de futebol vive por esporte, como diz o nosso Mauro Beting. Faz o que ama. Até porque haja amor para, em geral, trabalhar mais e ganhar menos, sem contar o preconceito, em relação a outras áreas da profissão.
Incluindo transformar em ofício o que antes era diversão. Em racionalidade o que era paixão. Perder a relação romântica com seu clube de coração tanto por dever ético como por decepção ao descobrir algo nada nobre nos bastidores.
Ao contrário do que muitos pensam, jornalista tem vida. Precisa lidar com cobranças familiares e esfriar amizades e amores por falta de tempo. Porque está online sempre, antenado até quando liga a TV para descansar a mente. Ao mesmo tempo, precisa olhar o filho, a esposa, o marido, cuidar da casa, pagar contas, chamar o encanador, lidar com pedreiro. Viver.
Tudo isso em 24 horas. Por isso você, torcedor, sempre está mais informado sobre o seu time do que nós. Porque só precisa ler e fuçar tudo sobre o seu objeto de paixão. TV, rádio, sites, blogs, fóruns, redes sociais…
Não temos como dar conta de tudo. No caso deste blogueiro e comentarista, por exemplo, que escreve e/ou fala de todos os times das Séries A, B, C e D do Brasil, dos principais clubes da Europa e da América do Sul. Ou do torneio que pintar para comentar na TV.
Com o tempo, o analista passa a "torcer" mais por suas convicções do que pelo time que escolheu lá atrás – e se está envolvido com futebol é por causa dele, também. Se a vitória do clube do coração desconstroi uma tese consolidada, natural torcer contra. Ou não se importar. Até porque somos uma raça vaidosa com nossas opiniões.
Dito isto, fica a pergunta simples, direta e sincera: você acha mesmo que o jornalista pensa de manhã enquanto faz a barba ou toma banho "Hoje eu vou ferrar o time xxxxx"?
Você acha mesmo que o Thiago Maranhão, repórter do Sportv, desejava, ao informar uma irregularidade aos seus colegas de transmissão, e não à arbitragem, prejudicar o Palmeiras? O mesmo vale para Joanna de Assis, Ana Thais, André Hernan, Ana Thaisa. Fora o julgamento de um áudio privado e vazado que nem vale resgatar.
Será que o problema somos nós ou o futebol pobre do time alviverde?
Se você pensa que vivemos em função do seu clube, seja qual for, e que há contra ele uma conspiração internacional e interplanetária, incluindo gnomos, elfos e os Illuminati, há tratamento para isso. E o problema não é nosso.
Até porque temos mais o que fazer, né?
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