Topo

André Rocha

Timing, espaço, qualidade e parcerias: por que Fagner voa no Corinthians

André Rocha

17/04/2016 09h22

A atuação consistente nos 4 a 0 sobre o Red Bull Brasil reforça a imagem de uma reconstrução sólida do Corinthians. Méritos de Tite.

O treinador mantém não só o 4-1-4-1, mas também a combinação de características dos jogadores. Inclusive Guilherme, que vai se adaptando à função de Renato Augusto – mais atacante, menos articulador. Variando naturalmente o sistema para o 4-2-3-1.

Para sofrer menos na saída de bola pressionada pelos flancos, jogadores mais próximos e passes curtos. Quem tem a bola ganha opções com menos riscos de erro. Lição da derrota para o Palmeiras.

A principal válvula de escape, porém, segue a mesma: Fagner. Com Giovanni Augusto emulando Jadson e procurando o meio para articular, o lateral ganha espaço no corredor.

Mas não basta ter a opção que passa sem a jogada pensada para explorar. O Tite que antes valorizava tanto a atenção na marcação por zona agora também cobra criatividade aos seus comandados.

Não inventando dribles e jogadas individuais, mas escolhendo a ação mais surpreendente para o adversário. Giovanni Augusto, Elias e André se aproximam, oferecem parcerias. Fagner voa buscando o fundo ou por dentro. Um pouco mais adiantado quando a equipe desce em bloco, mas não espetado como um ala.

Alan Mineiro e Elias se aproximam e atraem a marcação, Fagner ultrapassa às costas da defesa. Jogada letal do Corinthians de Tite (reprodução Premiere).

Alan Mineiro e Elias se aproximam e atraem a marcação, Fagner ultrapassa às costas da defesa. Jogada letal do Corinthians de Tite (reprodução Premiere).

Mudou pouco quando Alan Mineiro entrou na vaga de Giovanni Augusto, lesionado. Autor de um golaço de voleio. O substituto até procura mais o centro para buscar as finalizações – e marcou o terceiro gol. Do lado oposto, Uendel fica um pouco mais preso ou apoia por dentro, já que Lucca é mais vertical, ponta. Autor do quarto e último.

Menção honrosa a Bruno Henrique. Mais passes, posse de bola e desarmes. Participação ativa na construção e no combate. Posicionamento que mantém as linhas próximas. O volante é fundamental na execução do plano de jogo.

Mas Fagner vem sendo o destaque absoluto. Passe para gol de André, o segundo. Quatro para finalizações. Qualidade, timing para descer, companheiros próximos e passando no tempo certo.

Sintonia que faz o novo Corinthians seguir evoluindo. Classificado na Libertadores e garantido nas semifinais do Paulistão.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.