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André Rocha

City não errou ao respeitar o Real Madrid, mesmo sem Cristiano Ronaldo

André Rocha

26/04/2016 23h15

Real Madrid sem Cristiano Ronaldo, lesionado, numa semifinal de Liga dos Campeões fora de casa. Um bom motivo para o Manchester City arriscar e tentar construir boa vantagem para a definição no Santiago Bernabéu, certo?

Errado. Porque se expor significava um risco enorme de sofrer o gol "qualificado" e complicar de vez a missão para a volta. Mais que isso, era nítida a cautela da equipe de Manuel Pellegrini diante do campeão da Liga dos Campeões na temporada 2013/14. Mesmo com a linda festa da torcida na entrada em campo.

Porque ainda que o Barcelona tenha sido eliminado no torneio continental, não muda a hierarquia atual no futebol do planeta, inclusive no universo de seleções, que coloca o time catalão, o Real Madrid e o Bayern de Guardiola em uma primeira prateleira. Verdadeiras seleções mundiais talentosas, competitivas e com camisas pesadas.

Por isso o City compactou linhas e arriscou pressão no campo de ataque apenas em tiros de metas e cobranças de lateral do time merengue. Jesus Navas e David Silva atentos na recomposição para impedir a jogada de dois contra um pelos lados.

Mesma lógica com a saída de Silva, contundido, para a entrada do jovem atacante Iheanacho, com De Bruyne ocupando o lado esquerdo – discutível por afastar o talento da meta adversária. Na transição ofensiva, velocidade tentando acionar Aguero contra Pepe e Sergio Ramos. Muita concentração em cada disputa.

Tudo isso para encarar o Real sem sua estrela maior e cuidadoso no primeiro tempo. Com Benzema claramente no sacrifício. Pelo contexto, mais administrando que ousando. Ligeiro domínio, mas sem chance cristalina do time inglês.

Segunda etapa sem dois terços do trio BBC com a saída do francês e a entrada de Jesé. A senha para o City avançar as linhas de vez? Nada. Com razão, porque com todos em condições físicas satisfatórias, o Real tomou as rédeas e fez Hart trabalhar.

Onze finalizações contra cinco do City – três a dois no alvo. Também terminou com superioridade na posse de bola: 52%. O goleiro salvou o time azul de Manchester em finalizações de Casemiro e Pepe. Ainda teve bola no travessão de Jesé. Keylor Navas só apareceu em cobrança de falta do meia De Bruyne.

Zidane trocou Kroos por Isco, Pellegrini tirou Navas e colocou Sterling. E mais não fizeram, poupando cartuchos. Guardando forças para a volta. Ajuda a explicar a boa disputa tática, mas sem gols.

O Real respeitou a semifinal e o mando de campo. Os citizens temeram chegar sem vida em Madri. E não erraram. Vão jogar por uma bola pela inédita final.

Porque ficou claro no Etihad Stadium que há um favorito, ainda mais com o provável retorno de Cristiano Ronaldo. Questão de talento e história, que não garantem nada. Mas exigem respeito.

(Estatística: UEFA)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.