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André Rocha

Vasco de Jorginho, Nenê e Andrezinho: título invicto começou em 2015

André Rocha

08/05/2016 19h42

O Vasco do bicampeonato: sólido na execução do 4-3-1-2 que varia para duas linhas de quatro sem a bola para liberar Nenê. Equipe armada ainda em 2015 por Jorginho (Tactical Pad).

O Vasco do bicampeonato: sólido na execução do 4-3-1-2 que varia para duas linhas de quatro sem a bola para liberar Nenê. Equipe armada ainda em 2015 por Jorginho (Tactical Pad).

O título carioca invicto do Vasco, o sexto da história do clube, começou ainda em 2015. Não exatamente na chegada de Jorginho e Zinho, nem no início da série invicta de 25 jogos. Virou o fio quando eliminou o Flamengo na Copa do Brasil e resgatou a confiança que parecia sem volta.

O trabalho tático foi consolidado ao longo da campanha de recuperação que não salvou do rebaixamento, mas formou uma base. Eurico Miranda não tinha dinheiro para grandes reformulações, percebeu o lastro de evolução e resolveu apostar na manutenção. Acertou.

Com pré-temporada, Jorginho amadureceu a proposta de jogo simples e eficiente. Com a bola, um 4-3-1-2 com Nenê circulando pelos flancos, muita mobilidade e Madson como opção de velocidade à direita. Na recomposição, Jorge Henrique volta pela esquerda, Julio dos Santos abrindo à direita formando duas linhas de quatro liberando Nenê e o redivivo Riascos na frente, artilheiro com nove gols.

Time experiente, que soube cadenciar e não aceitar o jogo de intensidade do jovem Botafogo na decisão depois de conquistar a Taça Guanabara e atropelar o Flamengo de Muricy na semifinal. Controlou com posse, sofreu e se garantiu com Martín Silva.

Aproveitou as falhas de Jefferson em saídas da meta nos gols de Jorge Henrique e Rafael Vaz. Foi o melhor time da competição, embora Ricardo Gomes tenha feito o trabalho de reconstrução mais impressionante no Bota. Treze vitórias, cinco empates, incluindo o 1 a 1 que garantiu a taça. Marcou 30 gols, sofreu apenas nove.

Na Série B, é dever dosar melhor o fôlego do Nenê, decisivo com sete gols, nove assistências e líder também em finalizações. O camisa dez parece inesgotável, mas não é. Ninguém é. E as viagens desgastam mais que os jogos. Exige o cuidado, mesmo com a excelência do trabalho do centro de reabilitação (Capres). A vantagem de jogar de memória pelo entrosamento construído é um trunfo importante.

Sem contar a confiança por conta do bicampeonato. Desta vez sem a ilusão de 2015. Este Vasco fez jogo duro contra o Corinthians campeão brasileiro e tantos outros adversários de primeiro nível nacional.

Na Série B e para tentar ser ainda mais competitivo na Copa do Brasil precisa de reforços e não perder peças fundamentais. Como Andrezinho, melhor passador da equipe e o mais regular do Estadual para este que escreve.

O time cruzmaltino é o favorito natural para esta terceira experiência traumática. Com elenco mais forte que em 2009 e 2014. Porque paradoxalmente foi rebaixado em ascensão e tem time e técnico para duelar com qualquer equipe no país.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.