Com Zidane, Real Madrid volta a transitar bem entre Guardiola e Mourinho
Quando foi campeão mundial interclubes em dezembro de 2014 era inquestionável que o Real Madrid de Carlo Ancelotti carregava o status de melhor time do planeta. Pela décima Liga dos Campeões e a sequência de 22 vitórias.
Mesmo com as saídas de Xabi Alonso e Di Maria e as chegadas de Toni Kroos e James Rodríguez, dois dos melhores jogadores da Copa do Mundo no Brasil e que inicialmente deram liga, mantendo o estilo e o modelo de jogo.
Chamava a atenção a capacidade de jogar com posse de bola no campo de ataque no ritmo de Luka Modric diante de equipes de menor investimento. Mas, se necessário, também nos contragolpes, desmembrando o 4-3-3 para o 4-4-2 com Gareth Bale voltando pela direita e fazendo transições em altíssima velocidade, com toques práticos e objetivos. Especialmente para alimentar Cristiano Ronaldo, a máquina goleadora.
Time inteligente e versátil, alternando troca de passes e contragolpes letais. Ora marcação pressão, ora defendendo com setores muito próximos à frente da própria meta. Equipe completa.
A queda de rendimento com a lesão de Modric, a segunda metade da temporada sem títulos e, pior, a tríplice coroa do Barcelona pesaram sobre Ancelotti. Um equívoco de Florentino Perez que só não foi maior que a opção por Rafa Benítez.
Quatro meses perdidos, humilhação no Santiago Bernabéu diante do Barça e a indesculpável eliminação na Copa do Rei por conta do amadorismo de escalar Cheryshev irregularmente. Legado zero. Ou apenas a classificação na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Para inebriar a torcida e fugir dos holofotes das críticas, Florentino alçou o ídolo Zinedine Zidane do Real Castilla ao time principal. Um senhor escudo para o presidente. Na carona, o ex-auxiliar de Ancelotti para resgatar ideias e princípios do momento mais vencedor na década.
Zidane usou seu status de um dos maiores da história do clube e do esporte para cativar e impor respeito no vestiário. Ganhou Cristiano Ronaldo e isso não é pouco. Trouxe uma onda de calma e otimismo.
Em campo tentou resgatar o desenho tático com Isco fazendo a meia/ponta esquerda. Com o meio-campo oscilando e sobrando espaços generosos entre os setores era hora de mudar. Casemiro pediu passagem e entrou à frente da defesa. Volante que defende, fecha espaços e auxilia na saída de bola.
Com isso, Kroos foi adiantado como o meia da base e do início no Bayern de Munique. O 4-3-3 ficou mais definido, com um meio mais pensador, organizador e o corredor esquerdo entregue a Marcelo e Cristiano Ronaldo, que agora só ocupa o centro do ataque quando reveza com Benzema.
Zidane jogou a toalha no Espanhol após a derrota para o Atlético de Madri no Bernabéu. Mas surpreendentemente o time emendou improváveis 11 vitórias. A mais emblemática na virada sobre o Barcelona no Camp Nou.
Concentração defensiva, entrega até de Cristiano Ronaldo voltando para fechar à esquerda o 4-1-4-1 bem coordenado e contragolpes irresistíveis no segundo tempo. Lembrando a dedicação nos 5 a 0 históricos em 180 minutos sobre o Bayern de Munique.
Na Champions, oito minutos de desatenção na Alemanha contra o Wolfsburg e o risco de eliminação nas quartas-de-final. Mas Cristiano Ronaldo, na sua melhor versão centroavante, assumiu a bronca, fez os três gols que os merengues precisavam e chegou aos 16 no torneio continental. Mais um e iguala seu próprio recorde.
Com a lesão do luso e de Benzema, foi a vez de Gareth Bale jogar pelo trio "BBC" e ser decisivo no Espanhol e na semifinal contra o Manchester City. Agora com impressionante eficiência nas jogadas aéreas – são nove gols de cabeça na temporada. Uma arma dos tempos de Ancelotti que garantiu com Sergio Ramos prorrogação e "La Decima" há dois anos.
Contra o Atlético, novamente o rival na decisão, agora em Milão. Antes, a definição do Espanhol. Uma vitória sobre o La Coruña fora de casa e o tropeço do Barça também como visitante contra o Granada se transforma num título tão histórico quanto improvável.
Seja como for, a evolução no desempenho e as vitórias já são o combustível para buscar outra conquista impossível de prever nos tempos de Benítez. Diante de colchoneros sedentos por vingança, já mobilizados por Simeone com a eliminação em La Liga.
Assim como em 2014, o treinador argentino sabe que enfrentará uma equipe que transita bem entre os conceitos de Guardiola e Mourinho – ou do próprio Simeone, o representante da vez da antítese do técnico catalão. Controle da bola ou jogo reativo? Beleza ou pragmatismo? Os dois, de acordo com as circunstâncias.
No Espanhol é o segundo em posse e acerto de passes, só atrás do Barcelona. Nas jogadas aéreas é superado apenas pelo Atlético de Madri. O que mais finaliza. Números parecidos na Champions.
Um time "mutante", porém consistente. O favorito para a revanche do dia 28.
(Estatísticas: Whoscored)
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