Argel e Muricy: futebol de resultados pouco oferece além do placar final
O Internacional de Argel Fucks saiu vaiado do Beira-Rio depois do pênalti perdido por Paulão – ou defendido pelo goleiro Danilo, o melhor da Chapecoense – até deixar o campo. Pouco ou nada valeram os 61% de posse de bola e as onze finalizações.
Porque na necessidade de propor o jogo e diante de uma resistência maior que as equipes de menor investimento do Rio Grande do Sul, a bola circulou mais entre os jogadores da última linha de defesa e o volante Fernando Bob. Time jovem, campeão gaúcho, promissor. Mas sem ideias, sem gols. À imagem e semelhança de seu treinador. Sem vitória na estreia do Brasileiro.
Muricy Ramalho foi taxativo no Raulino de Oliveira depois do triunfo sobre o Sport: "Nós fomos ousados em muitos jogos e perdemos todos. Todo mundo acha bonito como o Flamengo joga, e jogam nos nossos erros. Agora não. Agora vamos jogar para ganhar."
Ou seja, toda a filosofia inspirada no Barcelona vendida pelo técnico depois de voltar da Europa e comprada pelo Flamengo como solução não existe mais. O 4-3-3 com posse de bola e busca de protagonismo e uma nova estética deu lugar a um time mais reativo e pragmático.
Decisão legítima. Nos casos de Leicester City na Premier League e Atlético de Madri na Liga dos Campeões, por exemplo, a proposta é totalmente compreensível pelo contexto, enfrentando gigantes com orçamentos quase ilimitados. Aí é preciso se doar até a última gota de suor, além das forças. Vencer é o grande feito. Sem complexo de vira-latas. Se fosse a Chapecoense ou o Audax por aqui a lógica seria a mesma.
Para dois gigantes brasileiros, na disputa nacional é pouco. Uma opção do jogo, sim. Só perde o direito de pedir tempo para implementar um modelo, um padrão. O futebol de resultados é fast-food, imediatista. Precisa aceitar, como efeito colateral, a roda viva e a avaliação jogo a jogo do trabalho do treinador. Tem que lidar com as vaias no empate e na derrota. Sem ideologia ou algo mais subjetivo.
Exatamente porque tem pouco a oferecer além do placar final.
(Estatísticas: Footstats)
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