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André Rocha

Barcelona consolida “Era Messi” e gênio argentino sinaliza nova função

André Rocha

22/05/2016 22h21

Messi Copa do Rei

No embalo da conquista do tricampeonato consecutivo da Liga Europa, o Sevilla dificultou o quanto pôde e levou a disputa da final da Copa do Rei para a prorrogação no Vicente Calderón. Teve períodos de domínio claro e a chance de definir no tempo normal quando ficou com vantagem numérica após a expulsão de Mascherano, ainda na primeira etapa.

Mas o Barcelona construiu com Jordi Alba e Neymar no tempo extra a 28ª conquista do torneio na história. O sexto título em duas temporadas. Sem o tão sonhado bi da Liga dos Campeões, que não acontece desde o Milan de 1988 a 1990.

Consolida, porém, uma era. Que pode ser demarcada de 2008/09 até agora. Passando por Guardiola, Tito Vilanova/Jordi Roura, Gerardo Martino e Luis Enrique. Nada menos que três Ligas dos Campeões, três Mundiais da FIFA, seis títulos espanhóis, quatro Copas do Rei, três Supercopas da UEFA, quatro Supercopas da Espanha.

Em oito temporadas, 23 títulos. Apenas para comparar, o Milan de 1987/1988 a 1994/1995, mesmo com o bicampeonato continental consecutivo e mais uma em 1993/94, faturou 16.

Em qualquer Barça do período, Messi foi protagonista. A assinatura mais marcante. Ponta arrasador, "falso nove", goleador implacável, o atacante completo da última temporada, que rendeu a quinta Bola de Ouro. Agora um armador, camisa dez que marca gols. Mas principalmente serve os companheiros.

Na final da Copa do Rei, um passe de trinta metros absolutamente genial para Alba, depois a assistência no tempo certo para Neymar resolver. A sexta de um dos artilheiros do torneio com cinco. O 22º passe para gol na temporada.

O que chama a atenção, porém, é a maneira de acionar os companheiros. Antes a arrancada até entrar na área e largar alguém na cara do goleiro. Agora ficou mais comum o camisa dez receber na intermediária, encarar a defesa adversária postada e, trotando ou até caminhando, calcular tempo e espaço com precisão de mestre para o passe. De camisa dez. Até de oito. De Iniesta ou Xavi. Acima da média.

Por isso não é difícil vislumbrar um Messi mais experiente, menos rápido. Conhecendo os "atalhos" para recuar e mudar de função. Ser o armador que dita o ritmo no meio e usa essa rara visão de jogo para ser decisivo de outra maneira. Deixando a artilharia com Suárez, Neymar e quem mais surgir ou for contratado. Talvez até sem faturar novos prêmios de melhor do mundo.

Ainda artilheiro, talvez mais nas bolas paradas. Mas algo próximo do camisa dez que habita o imaginário brasileiro: carimba cada jogada, pensa e distribui. Facilita o trabalho dos atacantes.

Um Messi diferente, mas ainda talentoso. O gênio de uma Era no Barcelona.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.