Brasil eliminado. A triste história do bom primeiro tempo e o gol de braço
O futebol tem suas ironias e caprichos. Dunga não era o técnico para o início do ciclo na seleção brasileira depois dos 7 a 1. A CBF vive um momento vexatório, com seu presidente evitando viagens internacionais e o contrato com a empresa que promove amistosos questionado por interferir nas convocações. Cenário triste, desolador.
Mas dentro do campo não merecia a eliminação na fase de grupos da Copa América Centenário. Principalmente pelo primeiro tempo no Gillette Stadium.
Sem Casemiro, Dunga optou por um meio-campo mais leve. Lucas Lima e não Walace. Voltando ao 4-2-3-1 com Elias e Renato Augusto alternando na proteção à defesa e no apoio, Lucas Lima circulando para articular e Gabriel no lugar de Jonas entregando mais mobilidade. Filipe Luís muito bem no apoio pela esquerda, melhor que Daniel Alves no lado oposto.
64% de posse, cinco finalizações contra nenhuma do Peru de Ricardo Gareca e um Paolo Guerrero nulo. Sete desarmes certos contra dois. A seleção soube defender e atacar. Faltou contundência, porém o jogo estava controlado. No rigor frio da tabela, o empate era suficiente.
Mas a queda de produção na segunda etapa levou a disputa para o aspecto psicológico. Classificação na liderança ou eliminação. Para um grupo jovem, mexido e ainda com a surra alemã no Mineirão na lembrança, não podia dar boa coisa.
O Peru foi se aventurando, Gareca colocou Yotún para qualificar o passe e ganhar chegada à frente. Depois entrou Ruidiaz, jogador limitado, porém agudo pela esquerda.
E logo no setor de Filipe Luís saiu a jogada do gol irregular. Toque claro no braço direito de Ruidiaz. Erro grotesco e decisivo da arbitragem, porque o Brasil desabou emocionalmente. Mesmo com todas as ressalvas possíveis, deu dó de Dunga à beira do campo.
Porque a ideia inicial foi interessante, atual. O problema é testar em uma partida que se tornou eliminatória. Porque o planejamento é jogo a jogo. Paradoxalmente, a seleção foi conservadora em tantos amistosos e quando valia três pontos numa competição FIFA, ainda que não tratada como prioridade, a inovação cobrou um preço: o resultado. Logo o que Dunga mais preza.
Outra ironia do futebol. Tão estranho quanto o Brasil voltar para casa tão cedo na competição continental. Aconteceu. E o que virá? Difícil prever depois de mais uma mancha na história recente da camisa cinco vezes campeã mundial.
(Estatísticas: Footstats)
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