É urgente! Precisamos reaprender a jogar futebol. Mas cadê a humildade?
A gente não aprende.
"Inadmissível perder para o Peru!" Será mesmo? O Equador praticamente completo, segundo colocado nas Eliminatórias, teve que se virar atrás do empate depois de um 2 a 0 contra.
"Hoje só ganhamos da Venezuela". Sim, ela que eliminou na Copa América Centenário o Uruguai, que é líder na qualificação para a próxima Copa do Mundo.
Para pensar grande, precisamos antes admitir que hoje somos medianos, estamos no bolo. É urgente!
Porque temos que reaprender a jogar futebol. O atual. Compacto, de ocupação de espaços, disputado em 30 metros e alta intensidade. Globalizado, com a informação circulando e o respeito apenas por peso de camisa relativizado se o desempenho em campo é pobre.
Aí falta humildade. Mesmo com 7 a 1, derrotas humilhantes de nossos clubes, eliminações precoces na Copa América. Vivemos a fase da negação. Perdemos para nós mesmos, por incompetência do técnico, da CBF, da geração "fraca e mimada". Nunca para o adversário mais preparado. E inteligente.
Outro refúgio é o saudosismo. Capaz até de transformar em verdade que Guardiola aprendeu com o futebol brasileiro. Inaceitável suas fontes nascerem na Holanda, Itália, Argentina e Espanha e sobrar apenas o respeito ao que os avós contavam para o menino Pep . "Nós sempre ensinamos ao mundo". Só que como diz a canção, "o pra sempre sempre acaba".
Antes bastava preparar fisicamente, limar as arestas, administrar vaidades. Se não levasse gol em algum momento um de nossos talentos resolveria. Para isso o volante "cão de guarda" era tão fundamental quanto o camisa dez que só jogava com a bola.
Outros tempos. Aceitemos ou não. O pior para o nosso jogo é a pressão no condutor da bola. Marcação adiantada. Sempre gostamos de ter espaços. Há 20, 30 anos o discurso era sobre a dificuldade de superar os "dez atrás da linha da bola". Agora é o bote no nosso campo.
O novo futebol pode não agradar as retinas mais românticas e puristas. A estas recomendo os muitos jogos antigos na íntegra que a internet disponibiliza. Porque tentar resgatar o futebol lento e jogado em verdadeiros latifúndios é querer voltar à máquina de escrever.
Então baixemos nossa bolinha. Sim, é duro nos curvar quando um dos poucos motivos para o olhar altivo era o protagonismo no esporte mais apaixonante do planeta. A reverência do mundo. Passou. Mas pode voltar.
Para isso precisamos ouvir, ler e observar mais do que arrotar bofe depois de comer lagosta. Para ser um bom aluno temos que reconhecer os mestres. Os novos. Não os posters amarelados nas paredes.
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