Topo

André Rocha

São Paulo foi fé e garra, mas também organização. Não bastou

André Rocha

13/07/2016 23h45

Externamente o discurso do São Paulo era de fé, garra, peso da camisa. Recursos para manter time e torcida mobilizados. Legítimos.

Mas Edgardo Bauza sabia que só isso não bastava. Por isso organizou seu time e cobrou concentração e paciência. Duas linhas de quatro, Centurión circulando para criar superioridade numérica pelos lados e o artilheiro Calléri na área do Atlético em Medellín.

Defender e atacar, sem afobação. Pelo menos no início sem espaçar os setores em busca dos gols necessários. Conseguiu aos oito pelo atalho à esquerda, com Michel Bastos e Mena. Oitavo gol do argentino, bela contratação pontual que mudou o tricolor de patamar ofensivamente. Houve ainda bola no travessão.

O problema é que o risco calculado continua sendo um perigo. Adiantar as linhas sempre significará expor o veterano Lugano. Líder incontestável, ídolo histórico do clube. Mas que não suporta mais o trabalho de recuperação e cobertura de um zagueiro.

Sabendo não ser possível acompanhar Borja na velocidade, tentou antecipar o movimento do adversário e errou. Bola nas costas, Bruno não alcançou, terceiro gol do atacante revelação pelo Atlético Nacional.

Empate que não desmanchou o time de Bauza. O São Paulo seguiu coordenando bem os setores e não entregou a bola para a equipe mais técnica. Hudson teve a chance de garantir a sobrevida no final do primeiro tempo, mas foi desequilibrado por Bocanegra. Pênalti ignorado por Patrício Polic.

A arbitragem sul-americana que costuma ser caseira era um obstáculo a mais para o time brasileiro. O principal, porém, era a consistência e o volume de jogo dos comandados de Reinaldo Rueda que empilharam chances e fizeram Denis trabalhar.

Quando Bauza arriscou Kardec na vaga de Hudson, escancarou as costas dos volantes Thiago Mendes e Wesley para Macnelly Torres acionar Berrio e Moreno alternando pelos flancos e Borja, que matou o jogo e o confronto num pênalti discutível. De novo o apito caseiro. Com as expulsões de Wesley e Lugano a disputa acabou.

O torcedor passional tem o direito de jogar a derrota na conta da arbitragem e lamentar as ausências de Maicon e Ganso, mas não pode questionar a eliminação na semifinal da Libertadores. O São Paulo lutou e fez campanha digna. O time mais forte vai decidir quem é melhor da América.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.