Damião e Diego: obsoletos na Europa, mas ainda podem funcionar no Brasil
Leandro Damião já se apresentou e vestiu a camisa rubro-negra. Diego Ribas negocia saída do Fenerbahçe e, no Brasil, quer jogar no Flamengo.
Investimentos de um clube que ganha fôlego com austeridade financeira, mas não vem sendo feliz nas decisões tomadas no departamento de futebol. Embora a efetivação de Zé Ricardo como treinador, mesmo tardia, tenha sido um acerto.
A contratação confirmada e a possível aquisição são apostas. Caras, mas dentro do orçamento do clube. Se Emerson Sheik e Guerrero deixarem o elenco, o custo da folha segue praticamente o mesmo. Dois tiros considerados certos, no vácuo do atraso de salários no Corinthians, foram na água.
Agora a crença em Damião. Centroavante formado na várzea, sem o burilamento das divisões de base. Explosão no Internacional, artilharia nas Olimpíadas, aval de Ronaldo Fenômeno como sucessor na seleção. Lambreta no Clássico das Américas. Ficou valioso no mercado, quase foi parar no Tottenham, virou contratação milionária no Santos quando já estava em queda no time gaúcho.
Caiu de produção porque passou a ser estudado e marcado como um atacante com seu status. Aí faltaram os recursos que deviam ter sido trabalhados na base. A técnica, o desmarque, a leitura de jogo, o ataque no espaço vazio. Por isso o fracasso no Real Betis. No mais alto nível, camisas nove como Damião estão em extinção.
A Eurocopa mostrou que o típico centroavante, como Mario Gomez e Giroud, precisa ter mobilidade. Usar o corpo na proteção e no pivô, mas girar rápido, sair para os lados, chamar lançamento às costas da defesa adversária mais adiantada. Ser inteligente e adaptável.
No Brasil que vai caminhando como pode no jogo de compactação e marcação por zona, Damião ainda pode funcionar. No Flamengo, como o finalizador de no máximo dois toques. Completando as jogadas pelos flancos – Rodinei e Cirino à direita, Jorge e Everton ou Fernandinho do lado oposto – ou fazendo parede para as chegadas de Arão e Alan Patrick ou Mancuello.
Ou Diego Ribas. DNA do típico camisa dez brasileiro do início dos anos 2000. O meia central no 4-2-3-1 do Santos campeão brasileiro que nem Emerson Leão sabia explicar o funcionamento. Mas deu liga e às vezes fez mágica. Também funcional como a ligação com o ataque na ponta de um losango. O que os italianos chamam de "trequartista".
Não foi na Juventus. Nem conseguiu responder como esperado na Alemanha, Espanha, Turquia e seleção brasileira. Primeiro pela irregularidade combinada com as altas expectativas. Talentoso, viveu de lampejos, alguns golaços. Sem consistência, porém.
Quando o futebol mudou, seu estilo de dominar e girar para, de frente para a marcação, conduzir e só depois pensar perdeu tempo e espaço. Diego não soube se reinventar circulando pelos flancos como, por exemplo, Ozil e James Rodríguez. Nem recuou como Toni Kroos. No Fenerbahçe perdeu espaço e a paciência da torcida. É visto como individualista, exatamente porque precisa de muitos toques na bola antes de fazê-la circular como um facilitador, exigência dos meias atuais. Ficou obsoleto.
No Brasil, o jogo tem intensidade. Mas a ocupação dos espaços ainda é um tanto descoordenada. Os zagueiros recuam instintivamente e deixam brechas às costas dos volantes. No primeiro gol de Filipe Vizeu contra o Atlético-MG no Mané Garrincha, Mancuello teve liberdade para receber entre as linhas e, nas costas do zagueiro que saiu vendido, servir o centroavante. Buraco que Diego pode aproveitar muito bem. Em qualquer time brasileiro.
O Flamengo quer seus serviços, para abastecer Damião. Futuro incerto de uma dupla que falhou na Europa, mas que pode funcionar no retorno ao país de origem. A conferir.
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