Euforia, soberba, surpresa, desespero: velho roteiro que atrapalha o Brasil
Aconteceu de novo. A seleção brasileira, agora olímpica, viveu expectativa desmedida e midiática e um clima de euforia para a estreia no Mané Garrincha.
Como se não houvesse um adversário do outro lado. "Ah, é a África do Sul!" Aquela nossa soberba que não tem conserto, nem com 7 a 1. Se não for um campeão mundial a seleção brasileira tem obrigação de golear jogando no piloto automático. Mesmo sem conhecer quem está do outro lado.
Veio então a surpresa – não de Rogério Micale e seus comandados, que já haviam enfrentado os africanos – pelo oponente organizado, com postura cautelosa. Sem medo, porém. Porque estamos em 2016, não há mais o desconhecido, o temor apenas pelo peso da camisa.
Os rivais compactaram as linhas, sabiam que a equipe de Micale adiantaria a defesa e tentou surpreender com a velocidade e os deslocamentos de Modiba, Masuku, Dolly e Mothiba, o quarteto ofensivo do 4-2-3-1.
O 4-3-3 brasileiro ficou espaçado no primeiro tempo. Também abusou das ligações diretas, dos cruzamentos e das tentativas individuais, principalmente de Neymar. Porque a tensão induz a agir instintivamente. Por 45 minutos, todo o jogo coletivo trabalhado ficou na Granja Comary. Por causa do desespero.
Recuperação na segunda etapa com Luan e Rafinha no meio e fazendo a bola chegar ao trio ofensivo com mais mobilidade. Com a expulsão do volante Mvala, virou ataque contra defesa. E aí faltou calma a Gabriel Jesus para não jogar na trave um gol feito.
Também duas broncas. Uma nos companheiros por procurar demais o Neymar. Outra no próprio camisa dez por tentar sempre um toque ou drible a mais. Sim, foi o brasileiro que mais pegou na bola e finalizou. Mesmo sem ritmo de jogo depois das férias, exagerou no individualismo. Quando soltou rápido serviu Gabriel em outra boa chance.
O gol para salvar a estreia não saiu. Então as vaias e um discurso apocalíptico já ecoam. Contra o Iraque, obrigação de golear. Do cenário atual, sai a euforia e entra ainda mais pressão. Em casa, a chance de jogar ao natural é nenhuma. Só atrapalha.
Os garotos e o técnico novato que se acostumem. É sempre assim.
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