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André Rocha

A vitória do trabalho de Tite e da explosão de Gabriel Jesus

André Rocha

01/09/2016 20h06

Apesar do curtíssimo tempo de preparação com os jogadores, já foi possível ver as ideias de Tite na seleção brasileira: aproximação, troca de passes, infiltração, linhas compactas. Porque o técnico trabalhou, desde antes da apresentação. Muito. Viu jogos, preparou material, procurou os jogadores, inclusive na seleção olímpica.

Na pressão de Quito e tensão da estreia do treinador e a necessidade do resultado, foi possível ver o cuidado com a posse de bola e a mobilidade.  Neymar circulando da esquerda para dentro, alternando com Gabriel Jesus.

Movimento natural. Compreensível Tite começar com o craque da seleção atuando na faixa em que está acostumado. Mas no Barcelona ele tem Messi e Iniesta para o passe diferente no centro. Na seleção precisa de Renato Augusto e Paulinho, que não foram mal, mas sofreram com a bola rápida no último passe e na finalização.

Assim como Daniel Alves teve muitas dificuldades com Montero, o meia pela esquerda no 4-4-2 equatoriano que, na prática, contava com quatro atacantes. Miller Bolaños atrás de Caicedo, Enner Valencia à direita fez dupla com Paredes para cima de Marcelo, outro a sofrer no combate direto e também no posicionamento defensivo pela esquerda.

Mas não houve o sufoco como, por exemplo, em 2009. Alisson não trabalhou como Julio César. Também porque o combate no campo equatoriano A melhor finalização foi brasileira, de Gabriel Jesus. O Brasil também errou menos passes.

Melhorou ainda mais na segunda etapa, sem tensão e os jogadores se entendendo melhor. A entrada de Phillipe Coutinho na vaga de Willian criou superioridade no meio-campo, com o meia do Liverpool circulando muito bem por todos os setores e abrindo o corredor direito para Daniel Alves e quem mais aparecesse por ali.

O gol podia ter saído com Renato Augusto e Marcelo. Saiu na bola roubada e transição rápida que Gabriel Jesus só parou no goleiro Dominguez. Pênalti para Neymar acabar com mais de um ano sem gols na seleção principal – o último sobre o Peru na Copa América de 2015.

Recuo natural com a vantagem. Até porque a ideia era não ser derrotado em Quito. Pressão forte até a expulsão do desleal Paredes. Com um a mais, apareceu o jogo apoiado tão pedido por Tite. Jogadores se aproximando, dando opções de passe, fazendo a bola girar. E fôlego, aditivado pela chegada mais cedo para se adaptar à altitude.

E começou o show. De Coutinho para Neymar, deste para Marcelo. Cruzamento e lindo toque de Gabriel Jesus. No final, contragolpe e outro golaço da joia palmeirense em estreia histórica na principal. 3 a 0, vitória fundamental, por todo o contexto. Porque no Equador não vinha desde 1983.

Com os primeiros toques de Tite. O trabalho que já faz o talento explodir.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.