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André Rocha

Camilo: gol antológico e desempenho que muda o patamar do Botafogo

André Rocha

04/09/2016 18h01

No Brasil às vezes é necessário lembrar o óbvio: futebol é esporte coletivo. Mas em qualquer lugar do mundo, em qualquer área os protagonistas são valorizados. E jogadores se transformam em destaques pelo talento, mas também porque entregam o que faltava às suas equipes.

É o caso de Camilo no Botafogo. O meia que cria e finaliza, o "camisa dez" que Ricardo Gomes tanto pedia para dar liga ao seu 4-3-1-2 que varia para o 4-2-3-1 com o avanço de Bruno Silva pela direita e Neilton à esquerda, formando com Camilo o trio de meias.

Estreou na 11ª rodada nos 3 a 2 contra o Internacional. Desde então, no Brasileiro o time marcou 18 gols em 11 partidas. Cinco de Camilo, que também serviu quatro passes para gols. Antes dele, foram oito gols em dez jogos.

O aproveitamento coletivo também cresceu: antes, duas vitórias, três empates e cinco derrotas. Depois, quatro derrotas, dois empates e cinco vitórias. A última, os 2 a 1 sobre o Grêmio na Ilha do Governador. Fator casa que tem pesado na competição por pontos corridos, apesar do desastre do revés por 5 a 2 para o Cruzeiro na Copa do Brasil.

Desta vez o time ajudou, intenso desde o início, com o gol anulado de Neilton por impedimento de Sassá que virou polêmica – o blogueiro também marcaria impedimento. O Botafogo aproveitava a lentidão do Grêmio com Roger Machado espelhando o losango do adversário com Maicon mais plantado, Jailson pela direita e Walace à esquerda protegendo Douglas na ligação.

Até o cruzamento de Luis Ricardo e Camilo surpreender com uma mistura de bicicleta com voleio e marcar um golaço espetacular, o mais bonito do Brasileiro 2016 até aqui para este que escreve.

Depois a sexta assistência de Luis Ricardo para Sassá marcar seu décimo gol na competição, dividindo a artilharia com Gabriel Jesus e Robinho. Partida resolvida? Não para o Botafogo de Jair Ventura que em nome de uma proposta mais ofensiva perdeu um pouco de compactação e coordenação das linhas de defesa, expondo uma retaguarda hesitante no confronto direto com os atacantes.

Roger não mudou o desenho tático, mas as peças. Com Ramiro, Kaio e Batista, ganhou vigor físico, também pela semana de trabalho enquanto o oponente se desgastara na quinta-feira, e velocidade. O suficiente para envolver e diminuir com Batista.

Jair trocou Luis Ricardo por Emerson Silva. O outro Emerson, jovem zagueiro, foi para a lateral direita deixar a última linha mais posicionada. Dudu Cearense, que entrara na vaga do lesionado Fernandes, ajudou com experiência a reter a bola no final. Na frente, Pimpão substituiu Sassá e tentou acelerar os contragolpes.

Sofreu, mas venceu. Resultado importante pelo contexto, depois de dois reveses, o último traumático. Também por abrir cinco pontos sobre o Internacional, primeiro na zona de rebaixamento. No desempenho, valeu pela primeira etapa impecável.

Com Camilo desequilibrando: gol antológico e outra boa atuação que muda o patamar do Botafogo na temporada.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.