A maior vitória de Tite: a geração "fraca e mimada" agora sabe o que fazer
Além dos três pontos que recolocam a seleção brasileira no pelotão da frente nas Eliminatórias, o melhor da vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia em Manaus foi perceber que em pouquíssimo tempo Tite já conseguiu o mais importante para qualquer treinador: seus comandados já entendem seu plano de jogo.
Tem a ver com tática, mas principalmente com concentração e capacidade de se manter competitivo. No primeiro tempo, o gol relâmpago de Miranda em jogada nitidamente ensaiada no escanteio cobrado por Neymar. Depois o controle da partida com posse de bola, organização, força pela esquerda aproveitando os espaços deixados pelos rivais.
Depois o gol contra de Marquinhos salvando a equipe de Jose Pekerman, que não havia finalizado no alvo e terminou os primeiros 45 minutos apenas com uma finalização. O Brasil teve 63% de posse e o dobro de passes certos. Mas foi para o intervalo com o empate.
Sofreu na segunda etapa com o crescimento da Colômbia e de James Rodríguez na articulação. Em outros tempos, a chance de se desmanchar mentalmente e perder a coordenação dos setores seria enorme. Até porque a torcida passou a transformar o apoio em tensão e impaciência.
Tite trocou Paulinho e Willian por Giuliano e Coutinho. Com o meia do Liverpool, novamente ganhou mobilidade e um homem para circular por todo o ataque, deixando o lado direito para o apoio de Daniel Alves praticamente como um ala. Melhorou a produção, retomou o domínio e seguiu jogando. Sem desespero, atento à disputa e não se deixando impactar pelo ambiente externo.
Até o gol da vitória que começa com um desarme de Neymar no campo brasileiro, a saída rápida até Coutinho, pelo centro, achar o camisa dez pela esquerda. Finalização precisa. Uma das cinco na direção da meta de Ospina, dentre as 15 conclusões contra apenas quatro colombianas. Nenhuma no alvo.
Ponto para o treinador, que não se deixou levar pelas boas atuações do craque na Olimpíada atuando mais centralizado, praticamente como um meia articulador, e seguiu seu plano de escalar os jogadores nas funções em que estão acostumados em seus clubes. Neymar pela esquerda, como no Barcelona.
Para que os movimentos fossem assimilados mais rapidamente e a equipe entendesse o que é preciso fazer em campo sem grandes adaptações. Cada um jogando no seu espaço "de memória" e contribuindo para o coletivo. Não são por acaso as ótimas atuações de Marcelo e Casemiro, por exemplo.
Por isso a geração "fraca e mimada" mostrou personalidade nos dois triunfos que alçaram o Brasil à vice-liderança. Com chances de chegar ao topo já em outubro contra Bolívia e Venezuela. Porque agora sabe o que fazer.
Continua sendo o início de um trabalho, sujeito a oscilações. Tite não é um gênio da raça nem Rei Midas. Pelo contrário, faz o simples: planeja e trabalha. Cria um bom ambiente e deixa os atletas confortáveis em campo. Tão importante quanto os conceitos atualizados e a cobrança por concentração.
A seleção já é um time. Agora a missão é evoluir.
(Estatísticas: Footstats)
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