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André Rocha

Os 5 pilares de Mano Menezes para recuperar o Cruzeiro. De novo

André Rocha

08/09/2016 23h30

Mano_Cruzeiro

Mano Menezes voltou de uma jornada milionária, porém não tão bem sucedida no futebol chinês para retomar o trabalho que deixou no Cruzeiro no final de 2015.

Interrupção que ajuda a explicar os problemas nesta temporada, com a aposta em Deivid e depois Paulo Bento, em sua primeira experiência no Brasil e depois das negativas de Jorginho e Ricardo Gomes.

Encontrou cenário parecido: time irregular e na zona de rebaixamento. Ao contrário da estreia no ano passado com goleada de 5 a 1 sobre o Figueirense e a "descoberta" de Willian como centroavante móvel, recomeçou perdendo para o Santos na Vila Belmiro por 2 a 0, mas só na mudança de comando e alguns ajustes de posicionamento apresentou evolução.

Foi a única derrota na sequência de sete jogos que tirou o Cruzeiro da zona de rebaixamento: dois empates e quatro vitórias, a última no clássico diante do América no Independência por 2 a 0. Ainda encaminhou a classificação para as quartas-de-final da Copa do Brasil com os 5 a 2 sobre o Botafogo na Ilha do Governador.

Qual a receita do treinador para novamente responder rapidamente em desempenho e resultado e mudar de patamar as pretensões do time celeste? O blog aponta cinco pilares desta fórmula:

1 – Conceitos atuais

Mano Menezes foi estudar e buscar conteúdo para aprimorar seus métodos em cursos na Europa durante praticamente todo o ano passado. Voltou com conceitos sedimentados.

No cotidiano e nas entrevistas, prioriza o campo. A montagem da equipe, o trabalho tático. Continua um pouco "chorão" com arbitragem, mas não se entrega ao discurso fácil de justificar tudo pelo emocional. Mantém seus comandados atentos ao que precisam fazer em campo e tiram o peso do entorno.

2 – Base definida

Mesmo com um elenco abastecido, embora heterogêneo, Mano definiu uma base de trabalho e procura repetir a formação sempre que possível. Sem a hesitação natural de Deivid e o revezamento de Paulo Bento, ideia de difícil assimilação no Brasil e de execução complicada, pela falta de tempo para treinamentos e trocas constantes no elenco.

É uma escolha que novamente dá resultado. O torcedor cruzeirense já sabe que se nada de extraordinário acontecer, o time entrará em campo com Fábio; Lucas, Manoel, Bruno Rodrigo e Edimar; Henrique e Ariel Cabral; Robinho, De Arrascaeta e Rafael Sóbis; Ábila.

3 – Ideias de 2015

O Cruzeiro terminou o Brasileiro do ano passado com campanha sólida e dois estrangeiros afirmados: Ariel Cabral, argentino que se entendeu bem com Henrique à frente da defesa, marcando e saindo para o jogo com passe certo. Não é brilhante, mas sabe se posicionar e facilita para o resto do time.

Inclusive Arrascaeta, uruguaio que gosta de atuar com liberdade para articular a aparecer na frente para finalizar. Com Paulo Bento era utilizado pelos flancos num 4-1-4-1. Com Mano, o 4-2-3-1 deixa o camisa dez solto atrás do centroavante. Assim ele circula, cria superioridade numérica pelos lados e ainda se junta a Ábila. Assim marcou o primeiro na vitória sobre o Coelho.

4 – Os gols do centroavante

Estilos diferentes, porém igualmente fundamentais. Willian "Bigode" marcou onze gols sob o comando de Mano Menezes em 2015. Atuava mais adiantado, porém com intensa movimentação. Abrindo espaços e infiltrando em diagonal na velocidade para finalizar. Participava do trabalho coletivo e se beneficiava dele para ir às redes.

Ramón Ábila é o típico centroavante de no máximo dois toques. Um para fazer o pivô ou preparar, outro para concluir a jogada. Até tem alguma velocidade para aproveitar os espaços às costas da retaguarda adversária na base dos lançamentos.

Até aqui, números mais que respeitáveis: nove gols em onze partidas, marcou nos últimos sete jogos, incluindo a Copa do Brasil. Adaptação rápida e já é peça fundamental. Definiu o clássico mineiro com o segundo gol.

5 – Estilo sereno

Mano Menezes é do tipo sisudo, estuda muito cada colocação que faz publicamente. Mas, ao menos no Cruzeiro, sua serenidade trouxe calma ao ambiente conturbado pelas crises seguidas no clube, inclusive com protestos de torcedores.

O técnico com passagem pela seleção brasileira sabe que a eficiência em campo norteia todo o resto. Na 12ª colocação, os dois pontos que separam do Figueirense, primeiro na zona de rebaixamento, parecem mais distantes que os três atrás do Botafogo, o último da primeira página da tabela.

Porque o Cruzeiro novamente encontra a redenção com seu velho/novo treinador.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.