O alívio do que restou do São Paulo
Você já leu AQUI que o São Paulo parou em 2008. A volta de Marco Aurélio Cunha é mais um sinal desta cultura que é difícil transformar – o que deu certo em algum momento vai funcionar em qualquer tempo, independentemente do contexto.
Mas se o clube com Leco já equaciona dívidas e melhora as receitas, em campo o sofrimento é por conta do legado do trabalho de Edgardo Bauza. Ou a ausência dele após a saída do treinador argentino para a seleção de seu país.
Porque o São Paulo do primeiro semestre vivia de quatro pilares: organização defensiva, eficiência nas bolas paradas, talento de Ganso na criação e a eficiência de Calleri nas finalizações. O que sobrou para Ricardo Gomes?
Terra arrasada, praticamente. Principalmente no meio-campo. É óbvio que a qualidade no passe diferente de Ganso é de difícil reposição. Mas a produção ofensiva de Hudson, Thiago Mendes, Wesley, João Schmidt, Daniel e quem mais passa pelo setor é muito aquém.
Resta ao time tricolor jogar simples e procurar os flancos. A articulação agora parte dos pontas: Kelvin e Cueva. Cortam para dentro e tentam criar os espaços. Sempre em busca de Chávez, argentino que nunca foi exatamente um centroavante. Mas no Morumbi vai funcionando como alternativa a Calleri. Já são seis gols em nove partidas e ótima presença de área.
Os 3 a 1 sobre o Figueirense encerra incrível sequência de cinco jogos sem vencer no Morumbi. Dois meses sem sorrir na própria casa. Porque o São Paulo não se preparou para o segundo semestre. Último sobrevivente brasileiro na Libertadores, virou as costas para o resto da temporada. Até por saber que tinha um time com prazo de validade. O desmanche só não foi mais duro pelo alto investimento na permanência de Maicon.
Resta a manutenção na Série A. Também buscar uma virada na Copa do Brasil depois do vexame em seus domínios contra o Juventude. E se conseguir viverá o dilema de buscar um título inédito e improvável ou concentrar esforços na missão de seguir como um dos grandes brasileiros que nunca foram rebaixados.
Por ora o melhor é respirar aliviado com a primeiro triunfo sob o comando de Ricardo Gomes e, principalmente, os quatro pontos que separam o clube do inferno.
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