Topo

André Rocha

O alívio do que restou do São Paulo

André Rocha

11/09/2016 13h36

Você já leu AQUI que o São Paulo parou em 2008. A volta de Marco Aurélio Cunha é mais um sinal desta cultura que é difícil transformar – o que deu certo em algum momento vai funcionar em qualquer tempo, independentemente do contexto.

Mas se o clube com Leco já equaciona dívidas e melhora as receitas, em campo o sofrimento é por conta do legado do trabalho de Edgardo Bauza. Ou a ausência dele após a saída do treinador argentino para a seleção de seu país.

Porque o São Paulo do primeiro semestre vivia de quatro pilares: organização defensiva, eficiência nas bolas paradas, talento de Ganso na criação e a eficiência de Calleri nas finalizações. O que sobrou para Ricardo Gomes?

Terra arrasada, praticamente. Principalmente no meio-campo. É óbvio que a qualidade no passe diferente de Ganso é de difícil reposição. Mas a produção ofensiva de Hudson, Thiago Mendes, Wesley, João Schmidt, Daniel e quem mais passa pelo setor é muito aquém.

Resta ao time tricolor jogar simples e procurar os flancos. A articulação agora parte dos pontas: Kelvin e Cueva. Cortam para dentro e tentam criar os espaços. Sempre em busca de Chávez, argentino que nunca foi exatamente um centroavante. Mas no Morumbi vai funcionando como alternativa a Calleri. Já são seis gols em nove partidas e ótima presença de área.

Os 3 a 1 sobre o Figueirense encerra incrível sequência de cinco jogos sem vencer no Morumbi. Dois meses sem sorrir na própria casa. Porque o São Paulo não se preparou para o segundo semestre. Último sobrevivente brasileiro na Libertadores, virou as costas para o resto da temporada. Até por saber que tinha um time com prazo de validade. O desmanche só não foi mais duro pelo alto investimento na permanência de Maicon.

Resta a manutenção na Série A. Também buscar uma virada na Copa do Brasil depois do vexame em seus domínios contra o Juventude. E se conseguir viverá o dilema de buscar um título inédito e improvável ou concentrar esforços na missão de seguir como um dos grandes brasileiros que nunca foram rebaixados.

Por ora o melhor é respirar aliviado com a primeiro triunfo sob o comando de Ricardo Gomes e, principalmente, os quatro pontos que separam o clube do inferno.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.