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André Rocha

Depois da era Messi x CR7, De Bruyne é o grande candidato a melhor do mundo

André Rocha

19/09/2016 06h56

De Bruyne Guardiola

Enquanto os gênios que dominam o futebol mundial desde 2008 atuarem em alto nível será difícil tirar deles a hegemonia da Bola de Ouro FIFA. Até pela questão midiática.

Se Sneijder ou Iniesta não venceram Messi em 2010 e Neymar ficou muito atrás de Cristiano Ronaldo, segundo colocado no ano passado, difícil imaginar alguém superando a dupla de extraterrestres. Até porque um parece sempre se alimentar do brilho do outro, alternando o domínio ao longo destas oito temporadas.

Mas quando terminar essa Era que certamente ficará na história do esporte, um candidato já surge como postulante à sucessão para competir com Neymar, Griezmann, Pogba ou algum talento mais jovem que possa explodir, como Marcus Rashford, do Manchester United.

Kevin De Bruyne não se afirmou no Chelsea, mas cresceu no futebol alemão. Primeiro no Werder Bremen, depois a explosão no Wolfsburg: 20 gols e incríveis 38 assistências na temporada 2014/2015. Com protagonismo no título da Copa da Alemanha. Desempenho que o levou de volta à Inglaterra, mas desta vez com status de estrela. O Manchester City desembolsou 74 milhões de euros pelo belga mais caro da história.

Não se arrependeu. Já na primeira temporada, mesmo com a irregularidade do time e uma lesão que o deixou de fora por dois meses, foi protagonista com 16 assistências e 15 gols, o mais importante na vitória por 1 a 0 sobre o PSG que colocou os citizens em sua primeira semifinal da Liga dos Campeões.

Com a chegada de Pep Guardiola, o futebol do meia belga já dá um salto de qualidade. Acostumado a atuar em qualquer das funções do trio atrás do atacante num 4-2-3-1, foi jogar como um meio-campista pelo centro, à frente de Fernandinho e alinhado a David Silva.

Sem a bola, participa da pressão no campo de ataque ou recompõe e guarda posição no setor. Quando recupera, circula por toda a intermediária defensiva do oponente e aparece na área para servir e concluir com incrível precisão. Enxerga todo o campo, normalmente toma a decisão correta nas jogadas, tem poder de antevisão e técnica apurada para passes e conclusões.

Completo, cada vez mais. Nesta temporada, em cinco jogos pela Premier League já serviu três passes para gols e foi às redes duas vezes. Mais que isso, dá o ritmo que Guardiola quer na sua equipe. Se precisar, também pode ser o "falso nove" circulando entre as linhas defensivas do adversário. Como Messi na era de ouro no Barcelona de Pep.

O técnico está encantado e, depois do recital do belga nos 4 a 0 sobre o Bournemouth pela Premier League, arriscou uma declaração para estimular ainda mais seu comandado: "Talvez Messi possa estar sozinho na primeira fila, mas Kevin pode estar logo atrás".

A explicação para tamanha deferência veio em seguida: "Sem bola, é o primeiro a lutar por recuperá-la e, com ela, torna tudo claro, vê absolutamente tudo. Decide o que temos de fazer no momento certo. Toma sempre as decisões certas. É um jogador de outro nível".

É e pode ser ainda mais. Com 25 anos e apenas no início da primeira temporada com o melhor técnico do mundo, De Bruyne tem todas as valências para evoluir ainda mais e levar seu jogo a outro patamar. Ao topo do planeta bola.

Em um futebol cada vez mais coletivo e inteligente, integrando as ações de defesa e ataque, o belga parece mais pronto que seus contemporâneos, inclusive Neymar, para suceder o argentino e o português nas grandes premiações. Melhor não duvidar.

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.