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André Rocha

Flamengo faz mais cruzamentos, mas Palmeiras é que depende da bola aérea

André Rocha

20/09/2016 09h08

Segundo o Footstats, o Flamengo cruza mais e pior que o Palmeiras no Brasileiro: são 600 no total e apenas 130 corretos, enquanto o time de Cuca acerta 138 de 527.

Mas quem trabalha com análise de dados sabe que é necessário cruzar uma informação com outras para compreender o contexto.

As estatísticas também mostram que os rubro-negros são superiores ao líder do campeonato em posse de bola, passes certos, inversões de jogo e dribles. Portanto, entra mais no campo adversário, trabalha as jogadas e busca a linha de fundo através de tabela e triangulações. E mantém a proposta dentro ou fora de casa. Erra mais porque ataca mais e o adversário, postado na defesa, tem mais chances de cortar.

Outro fator que contribui para o maior número de cruzamentos é que os centros nos escanteios a favor são computados e o Fla tem ampla vantagem: 148 a 115. Parece claro que a equipe de Zé Ricardo tem uma ideia de jogo mais ofensiva e alinhada ao futebol atual. Com Diego, ganhou confiança e talento, além do amadurecimento do trabalho do jovem treinador. Cruzar é só mais uma opção no repertório.

Já o Palmeiras muda bastante de acordo com o mando de campo. Em casa joga no campo de ataque, no "abafa" e usa muito mais os cruzamentos, ainda mais quando precisa se recuperar no jogo – o colega Mauro Cezar Pereira da ESPN Brasil já tratou disso em seu blog no post intitulado "Cucabol" . A grande maioria destes centros sem chegar à linha de fundo. Levanta a bola na área.

Fora de casa trabalha muito mais nos contragolpes e recorre muito menos às bolas alçadas na área, embora elas continuem decisivas, inclusive nas cobranças de lateral de Moisés. Contra o Flamengo no Allianz Parque levantou 34, na vitória sobre o Corinthians em Itaquera, apenas oito. Na média o número naturalmente será menor. Mas são 14 gols de cabeça contra dez do Fla. O alviverde depende mais deste tipo de jogada.

Propostas diferentes dentro e fora de casa. É um jogo mais físico, direto. Menos vistoso, a menos que o talento de Gabriel Jesus apareça. Legítimo e, inegável, eficiente. Nenhum time no Brasileiro finaliza e marca mais gols que a equipe de Cuca.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.