Jogaço e empate entre a tradição e o futebol do futuro em Dortmund
O técnico Thomas Tuchel é um produto do segundo desdobramento da revolução de ideias do futebol nos últimos oito anos.
A primeira consequência do impacto de Guardiola no Barcelona foram as respostas de treinadores experientes e já consolidados no mercado, como Mourinho, Ancelotti e Heynckes, além de Klopp.
Tuchel cresceu já dentro deste cenário e sua busca é de combinar conceitos para evoluir e surpreender. Seu Borussia Dortmund mantém a intensidade na frente dos tempos de Kloop, mas insere o jogo de posição de Guardiola.
Como? Trocando passes com paciência e organização desde a defesa até se instalar no campo de ataque. Com os jogadores mais próximos, essa bola gira até encontrar uma zona de superioridade numérica ou de fragilidade do adversário para acelerar com tabelas e triangulações rápidas e envolventes até a finalização.
Não por acaso a boa temporada passada que trouxe a equipe de volta à Liga dos Campeões. Nem os 20 gols nos últimos quatro jogos e a disputa ponto a ponto pela liderança da Bundesliga com o gigante Bayern de Munique.
Porque cria um volume de jogo sufocante, já que inicia a pressão assim que perde a bola e as linhas estão adiantadas com jogadores próximos. É roubar a bola e seguir atacando. Vanguarda que pode ser uma das portas para o que será jogado daqui para frente.
Diante do Real Madrid sem Casemiro na proteção da retaguarda e com Danilo improvisado na lateral-esquerda por conta da ausência de Marcelo, imaginava-se um arrastão amarelo no Signal Iduna Park. Só que o atual campeão continental não é uma equipe qualquer. Tem talento, experiência e o peso da camisa que também conta em momentos chave do confronto para evitar o massacre.
Não que o Dortmund tenha se intimidado. Impossível na proposta de jogo de Tuchel. No primeiro tempo foram 63% de posse, oito finalizações contra duas do time merengue. Mas a de Cristiano Ronaldo foi às redes abrindo o placar em bela combinação do ataque. Mesmo longe da melhor condição física e após uma semana tensa, a eficiência nas finalizações do português segue absurda.
Zidane plantou James Rodríguez, Modric e Kroos quase em linha para proteger a defesa e compensar a ausência do volante brasileiro que dá equilíbrio ao time. Nem sempre conseguiu, porque a equipe alemã avançava com os laterais Piszczek e Schmelzer, mais os meias Castro e Gotze por dentro, Dembélé e Guerreiro nas pontas e Aubameyang na frente.
Artilheiro gabonês que achou o empate na falha de Keylor Navas, depois de duas boas defesas do goleiro vindo de inatividade. Logo em um momento de mais controle do jogo do Real e menos intensidade do adversário.
Senha para um atropelamento dos donos da casa na segunda etapa? Não contra o Real que sabe se defender e sempre deixa claro para os adversários que se deixar espaços os contragolpes com o trio BBC podem ser letais. Ou ir às redes na jogada aérea, normalmente com Sergio Ramos. Desta vez com Varane.
Tuchel fez sua equipe recuperar ritmo e jogo vertical com Pulisic e Schurrle nas pontas e Emre Mor atrás de Aubameyang. Zidane trocou apenas James Rodríguez por Kovacic, reagrupando o meio com Kroos centralizado e plantado, Modric se adiantando. Só no final tirou Benzema e mandou a campo Morata.
Até a jogada de Pulisic e o empate com Schurrle. Resultado mais adequado ao que aconteceu na partida. Saldo final: 59% de posse do Dortmund, 19 finalizações contra 11 – onze a quatro no alvo. Quatro pontos para cada um dos favoritos às vagas no Grupo F, apesar do bom futebol do Sporting.
Empate entre a tradição e o futebol do futuro num jogaço.
(Estatísticas: UEFA)
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