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André Rocha

A "função Jadson", novidade tática que vale a insistência no Flamengo

André Rocha

09/10/2016 20h52

A atuação coletiva do Flamengo nos 3 a 0 sobre o Santa Cruz no Pacaembu não foi tão consistente como em outras oportunidades, mas contou com o que vinha faltando no campeonato: eficiência nas finalizações. De treze, sete no alvo e três nas redes. A média é de um gol a cada dez conclusões.

Na formação inicial, uma novidade: Alan Patrick como um ponta armador, partindo da direita para ajudar Diego na articulação e alternando com Everton pelos flancos.

O meia cobrou o escanteio pela esquerda na segunda etapa para Diego cabecear no travessão e Willian Arão marcar o segundo no rebote. Também colaborou com a pressão no campo do ataque e efetuou um desarme que quase terminou em gol no final do primeiro tempo. Mas individualmente não tev desempenho tão destacado.

No entanto, a sua movimentação possibilitou ao time ficar menos engessado na execução do 4-2-3-1 que Zé Ricardo precisou adaptar para encaixar Diego. Com o meia central, os ponteiros velocistas e o centroavante no quarteto ofensivo a equipe fica previsível. Até cria, mas não surpreende.

Porque quando Alan Patrick vem por dentro, abre o corredor para Pará, cria superioridade numérica no meio, circula às costas dos volantes. Também deixava o espaço para os deslocamentos de Diego, Arão ou mesmo Filipe Vizeu. Facilita as triangulações, complica o bloqueio do adversário. Ou seja, a "função Jadson", lembrando o Corinthians de Tite campeão brasileiro no ano passado.

No primeiro gol, jogada do lado oposto. Chiquinho para Everton e deste para Vizeu. Gols e lágrimas do garoto que novamente compensou com sobras as ausências de Guerrero, na seleção peruana, e Damião, suspenso. Deu lugar para Emerson, que serviu Cirino no terceiro.

O Fla efetuou 33 cruzamentos. Muito, mesmo com 62% de posse. Com essa movimentação é possível trabalhar mais vezes com bola no chão e pelo meio. Com o ponta armador, que não precisa necessariamente ser Alan Patrick – é possível testar Mancuello mais uma vez.

A novidade tática é que vale a insistência. Assim como o time mais eficiente nas conclusões para sofrer menos na construção das vitórias tão necessárias para seguir na luta com o Palmeiras pela ponta da tabela.

campinho_Flamengo_Santa_Cruz_Alan_Patrick

(Estatísticas: Footstats) 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.