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André Rocha

O Santos nem precisa jogar bem para vencer um São Paulo acéfalo

André Rocha

13/10/2016 23h30

O time de Dorival Júnior preza a posse de bola, mas no Pacaembu a troca de passes na maior parte do tempo foi no campo de defesa. Isso quando o São Paulo não adiantava a marcação para pressionar.

Faltava precisão na bola longa para surpreender a defesa do rival adiantada. Só acertou uma no primeiro tempo, com Ricardo Oliveira se deslocando e recebendo à direita para cruzar e Copete perder um gol inacreditável de cabeça.

No segundo tempo, o colombiano não vacilou no pé esquerdo. Única jogada articulada por Jean Mota e Lucas Lima, a dupla de meias no 4-2-3-1 de Dorival que criou muito pouco. Mas venceu.

Porque o São Paulo de Ricardo Gomes é acéfalo. Simples assim. Com Cueva no banco por conta do desgaste com a seleção peruana nas Eliminatórias, o time foi indigente na criação na primeira etapa. Hudson, Wesley e Thiago Mendes não são ruins, mas é um crime só contar com eles no meio-campo. João Schmidt até tem melhor passe, mas também não resolve. Robson, a novidade no lugar de Kelvin, só acelera. Não pensa.

Resultado: uma sucessão de bolas cruzadas na área. 32 no total. Mas de qualidade técnica sofrível. Só pressionou porque o Santos não armou um contragolpe depois do gol, errou passes fáceis na transição ofensiva e deu campo ao tricolor.

A torcida são-paulina não pode reclamar de falta de fibra. E quando Cueva articulou a única jogada lúcida vindo da esquerda para dentro e serviu Chávez livre, o argentino conseguiu perder um gol feito. Aí o difícil se torna impossível.

Uma raridade: o Santos teve menos posse de bola que o adversário – 48% a 52%. O São Paulo finalizou 15 vezes contra apenas seis santistas – cinco a dois no alvo. Mas a maioria absoluta no abafa, na vontade de reverter o cenário ainda perigoso de luta contra o Z-4.

Mas com essa pobreza técnica e de ideias o sofrimento deve durar até a rodada derradeira. O Santos agradece e segue na disputa, ao menos neste primeiro momento, com o Atlético Mineiro pela última vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2017. Mas desta vez só valeram os três pontos.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.