Guardiola arrisca, Messi não perdoa
Quem contrata Pep Guardiola sabe ou precisa ter consciência que está levando para o seu clube um treinador genial, um arsenal de ideias que busca a vitória, mas não tem medo de correr riscos. Acerta muito, mas às vezes erra. Feio.
Obsessivo, certamente estuda mais que o habitual quando vai enfrentar o Barcelona. Ainda mais no Camp Nou, palco de tantas conquistas como jogador e na primeira experiência como técnico.
Com o Bayern na semifinal da Liga dos Campeões de 2014/2015, tentou criar superioridade numérica no meio, mesmo com a solução insana de deixar Messi, Suárez e Neymar no mano a mano com um trio de defensores. Mudou ainda no primeiro tempo, mas quando o time bávaro cansou de uma dura batalha técnica e tática, Messi decidiu deixando Boateng no chão e encaminhando os 3 a 0.
Nova visita, agora com o Manchester City e apenas quatro meses de trabalho. De novo a ideia foi ter superioridade numérica no meio e criar uma indefinição para Busquets. Por isso a escolha por Kevin De Bruyne como "falso nove", Sterling e Nolito nas pontas. Kun Aguero no banco.
Barcelona com Mascherano na lateral direita, Umtiti na zaga e a formação clássica do meio para frente. Perdeu Jordi Alba ainda no primeiro tempo. Depois Piqué. Entraram Digne e Mathieu. Teve problemas com a marcação adiantada do time inglês, apesar dos 53% de posse de bola nos 45 minutos iniciais. O City finalizou sete vezes contra apenas três do time catalão.
Mas a retaguarda vacilou e Fernandinho escorregou na frente de Messi quando o gênio argentino entrou na área adversária no já conhecido movimento de diagonal da direita para dentro. E aí não tem perdão.
Assim como os deuses do futebol, no segundo jogo grande da temporada, mostraram novamente a Guardiola que a opção por Bravo que mandou Joe Hart para o Torino, segundo a versão oficial, apenas pela qualidade na saída de bola vai cobrar seu preço. A expulsão do goleiro após um erro banal de passe e mão na bola em disputa com Suárez desmontou o plano de jogo.
Com espaços à vontade, Messi sobrou circulando entre as linhas. Fez o segundo e o City errou mais uma vez, na saída de bola com Gundogan, escalado exatamente para qualificar o passe e não sobrecarregar Fernandinho. Terceiro gol do camisa dez, que ainda sofreu o pênalti que Neymar desperdiçou e depois se redimiu com um golaço, rabiscando dois adversários com a disputa já em ritmo de treino.
Em dois jogos contra o Barça no Camp Nou, Guardiola leva para casa sete gols. Cinco de Messi. Apesar de sua visão particularíssima que revolucionou o jogo é para pensar se não vale a pena simplificar um pouco mais para se manter competitivo diante de uma equipe formada, com proposta de jogo assimilada e tão desequilibrante na frente.
Porque sempre que ele arrisca, Messi não perdoa. Em alguma das cinco vezes em que seu time foi alvejado pelo gênio argentino, é humano imaginar o técnico pensando: "por que eu criei esse monstro?"
(Estatísticas: UEFA)
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