Cinco jogos para o Palmeiras não ser um campeão pela porta dos fundos
O Palmeiras foi campeão brasileiro com o esquadrão de Ademir da Guia e com os timaços da Era Parmalat comandados por Vanderlei Luxemburgo. Dois bicampeonatos. Equipes históricas pelos craques e pela supremacia diante dos rivais.
Difícil um outro time vencedor do clube na principal competição nacional atingir o mesmo nível. Mas é possível ao menos ficar na memória de quem aprecia bom futebol e deixar algum legado.
O Palmeiras do primeiro turno, mesmo quando não esteve na ponta da tabela, teve momentos marcantes e grandes atuações. No auge de Roger Guedes e Gabriel Jesus, os comandados de Cuca chegaram a dar espetáculo, protagonizar grandes jogos. Provava ser o melhor, ainda que apenas rondasse a liderança.
O do segundo turno perdeu uma invencibilidade de 15 partidas na derrota para o Santos na Vila Belmiro. 1 a 0, gol de Copete. Jogo duro. Porque o alviverde compete muito e sempre. É time difícil de ser batido. A vantagem caiu de seis para cinco pontos. Mas segue com forte cheiro de título faltando cinco partidas.
Internacional, Botafogo e Chapecoense em casa, Atlético-MG e Vitória fora. Jogos que Cuca pode aproveitar a folga na liderança, a perda da invencibilidade que sempre induz um time a focar mais no resultado que no desempenho e as semanas cheia de trabalho, ainda que sem Gabriel Jesus na seleção, para tentar resgatar algo que ficou pelo caminho.
Um jogo mais fluido, com volume e criatividade. Menos pressa para definir o ataque e atalhos em jogadas verticais ensaiadas com bola no chão ou pelo alto. Mais protagonismo e menos especulação quando atuar fora de casa.
A bola passando por Moisés e Tchê Tchê, chegando a Dudu pelos flancos com o suporte dos laterais. Não é possível que a seca de Gabriel Jesus desde o empate com o Flamengo seja apenas um desvio de foco para a seleção brasileira e já pensando no futuro com Guardiola no City.
Com a camisa verde e amarela é óbvio que a companhia é mais qualificada. Nenhum clube brasileiro tem condições de dar ao jovem atacante as parcerias com Neymar e Coutinho. Mas não pode ser só isso. O trabalho de Tite colabora para que ele receba mais vezes em condições de ir às redes.
O torcedor mais apaixonado e pragmático olha a tabela e aponta o maior número de vitórias, o ataque mais positivo. Nas estatísticas, lidera apenas em finalizações. Natural para um time tão vertical e objetivo. Já deixou de ser a defesa menos vazada com o gol sofrido na Vila, Atlético-PR e o próprio Santos sofreram 28, um a menos que o líder.
Mas se a preocupação for apenas administrar a vantagem, o Atlético Mineiro, que já igualou os 56 gols marcados, pode ultrapassar. O que consolidaria Fred ou Robinho na artilharia da competição. E dependendo da combinação de resultados o Palmeiras pode levar a taça para casa sem ter o maior número de vitórias. Hoje são 20 contra 19 do Santos.
É muito pouco para a fantástica história do Alviverde Imponente. O time de Cuca pode e deve entregar mais futebol. Voltar a transformar um desempenho empolgante em resultados e consolidar a conquista sem sofrimento. A ansiedade do treinador que passa para o grupo não pode ser uma desculpa eterna. É possível fazer mais.
Para não se eternizar apenas pelo fim dos 22 anos sem títulos brasileiros e ser lembrado também pela bola jogada. Agora o torcedor quer a taça, esfregar na cara dos rivais e celebrar nas ruas. A longo prazo, porém, é frustrante entrar para a galeria de campeões apenas com números para apresentar. Sem brilho. Pela porta dos fundos.
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