O surto coletivo verde tem um jogo a menos para sofrer
Dirigente, treinador, jogador, torcedor, jornalista. O surto coletivo verde continua com seu mantra: "O importante é vencer!"
O que normalmente seria um lema para as duas rodadas finais já dura pelo menos um mês. Desculpas não faltam: cansaço, tensão, trauma de 2009, os dois rebaixamentos para a Série B e os 22 anos sem título brasileiro.
A realidade do campo é que o Palmeiras está tão ansioso para garantir matematicamente a taça que não quer mais jogar. O time entra em campo com a proposta de ser perfeito, 100% eficiente sem a bola e deixar o ataque com a qualidade individual ou as jogadas ensaiadas de bola parada.
O gramado encharcado do Allianz Parque foi o álibi para o jogo físico e direto nos primeiros minutos. Assim saiu o gol de Cleiton Xavier no "abafa" desde a disputa entre Geferson e Mina que ocasionou o escanteio.
Mas a chuva parou e o Palmeiras seguiu sofrendo. Se fosse possível a partida terminaria ali. O que se viu depois foi uma equipe muito atenta no trabalho defensivo. Entrega impressionante de todos na pressão sobre o oponente com a bola, poucas chances para as "bolas vadias" e chutões para afastar qualquer perigo. Erro zero. Mesmo que os acertos também sejam poucos.
Posse de bola dividida, sete finalizações contra 12 do Inter, que foi bem superior nos desarmes certos: 21 contra nove. Mas ameaçou de fato bem pouco. No contragolpe, Gabriel Jesus teve a bola dos 2 a 0, mas o chute colocado bateu na trave de Danilo Fernandes. O garoto não consegue render nesse estilo tão pragmático de Cuca.
Porque o Palmeiras não joga nem deixa jogar. Tem a convicção absoluta de que o sofrimento para arrancar os três pontos é a única saída para não deixar o título escapar. Como se 15 jogos de bom futebol, e nem sempre, compensassem 19 de um desempenho muito aquém para tamanho investimento.
É muito pouco para a grandeza do clube. Mas como na frieza dos números funciona vira uma "verdade" que reduz qualquer discordância a clubismo, bairrismo, perseguição, heresia. Ninguém mais raciocina ou questiona. "Siga o líder" virou resposta para tudo. No apito final, um grito uníssono de alívio.
A boa notícia é que agora falta menos um jogo para sofrer. E muito provavelmente não vai durar até a última rodada.
(Estatísticas: Footstats)
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