Topo

André Rocha

Só uma tragédia sem precedentes tira a taça do Palmeiras

André Rocha

17/11/2016 23h15

Com dez dias de preparação, o Atlético Mineiro tentou um último esforço no Brasileiro desafiando o líder. Colocou intensidade máxima no Independência, mas transformou em alguns momentos eletricidade em destempero e pecou um pouco pela afobação que gerava muitos erros técnicos no último terço do campo.

Na construção, muita mobilidade do quarteto ofensivo formado por Luan, Robinho, Maicosuel e Fred. Mais o apoio de Junior Urso e de um dos laterais – Carlos César ou Fabio Santos. O Palmeiras tentava marcar por encaixe e uma inversão ou drible descoordenava a marcação.

Só que o jogo foi o retrato do Palmeiras nesta reta final: uma equipe tensa, ansiosa, mas com incrível entrega sem a bola. Concentração absoluta para evitar a finalização mais confortável do adversário, mesmo se fosse preciso se atirar na frente do chutador.

Na frente, eficiência. No primeiro contragolpe bem engendrado, passe de Dudu e gol do Gabriel Jesus, novamente decisivo em um jogo chave – na última vez que foi às redes, salvou o time da derrota para o Flamengo em casa.

Na segunda etapa, mais pressão atleticana com um Palmeiras um pouco mais assentado, tentando trocar passes com Tchê Tchê e Moisés no meio, já que Thiago Santos era praticamente um zagueiro na perseguição a Robinho.

Até a entrada de Lucas Pratto no lugar de Maicosuel. No primeiro toque do argentino, o empate no Horto. Também pela precisão de Robinho no cruzamento. A senha para Cuca trocar os Thiagos: saiu o Santos, entrou o Martins. Zagueiro para nas perseguições individuais garantir a sobra contra a dupla de centroavantes.

O jogo aleatório, de "bate-volta" e sem muita preocupação com a posse e o controle, desgastou demais as equipes na reta final. O Palmeiras respondeu um pouco melhor com Erik e Alecsandro nas vagas de Dudu e Jesus. Cazares substituiu Luan, mas criou pouco. Clayton substituiu Robinho e mal tocou na bola.

Saldo final: 62% de posse de bola para o Galo, mas muito mais na pressão e no volume. Doze finalizações para cada lado, mas cinco do time da casa no alvo contra quatro dos visitantes, que cometeram 25 faltas contra 16 do Atlético que efetuou mais desarmes certos – 15 a 9.

Com vitórias de Flamengo e Santos, o time mineiro vai priorizar a Copa do Brasil contra o Grêmio. O Palmeiras novamente não se preocupou em jogar, apenas pontuar. Vai dando certo e, com dois jogos em casa faltando três rodadas e quatro pontos de vantagem sobre o Santos que ainda enfrenta o Flamengo no Rio de Janeiro, só uma tragédia sem precedentes tira a taça que não vem desde 1994.

(Estatísticas: Footstats)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.