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André Rocha

Arbitragem à parte, Inter sofre com a síndrome da incompetência aguda

André Rocha

21/11/2016 22h14

Aos exatos 60 minutos na Arena em Itaquera o Internacional finalizou pela primeira vez. Anderson, chute fraco, nas mãos de Walter. E um pensamento foi inevitável: para tamanha cautela , mesmo com formação teoricamente ofensiva com Sasha, Vitinho e Aylon na frente, o Celso Roth não seria suficiente?

A contratação do técnico Lisca "Doido", que nunca comandou uma equipe na Série A, por crer na repetição do "milagre" com o Ceará na Série B no ano passado, é só mais um sintoma da doença do Colorado em 2016: a síndrome da incompetência aguda.

Desde a manutenção de Argel Fucks por conta do bom returno do Brasileiro no ano passado, mas sem muita convicção. Passando pela demissão depois do título gaúcho e um bom início nesta edição. A chegada de Falcão, a troca por Celso Roth e agora Lisca. Perfis completamente diferentes no comando técnico de um clube perdido e turbulento, em ano eleitoral. Não pode dar certo. A manutenção no Z-4 é mera consequência.

Mesmo descontando o pênalti discutível de Ernando sobre Romero que Marlone converteu, o Corinthians foi inegavelmente superior no clássico nacional saturado de rivalidade recente. Apesar dos seus problemas, também por conta de más escolhas – a última, na base do velho pensamento mágico "se Oswaldo de Oliveira deu certo em 1999/2000, também dará agora". Com 16 anos de diferença.

Mesmo no 4-1-4-1 que Tite utilizou nos melhores momentos desta última passagem antes de assumir a seleção, a execução deixa a desejar. A ponto de recorrer ao lateral Uendel por dentro na linha de meias para tentar criar algo. Também porque Fagner caiu de produção e deixou de ser o desafogo à direita.

Mas foram 57% de posse de bola, 15 finalizações a seis – sete a dois no alvo. Vitória para seguir buscando o G-6. Domínio com alguns sustos quando o Inter enfim se arriscou mais com Seijas, Nico López e Valdívia em campo. No desespero final, com o goleiro Danilo Fernandes na área corintiana. No modo aleatório.

Na loucura de uma temporada perdida mesmo com a salvação, restam os duelos com Cruzeiro no Beira-Rio e Fluminense no Maracanã. É legítimo reclamar da arbitragem, mas transferir responsabilidades agora parece covardia.

Ainda é possível evitar a tragédia, mas o tricampeão brasileiro, bi da Libertadores, o time que fez o planeta vermelho há dez anos abusa do direito de errar. Está doente. E parece tarde para um tratamento de emergência.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.