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André Rocha

As muitas quedas no rebaixamento do Internacional

André Rocha

11/12/2016 18h53

O Internacional começou a cair em 2015.

Quando dispensou Diego Aguirre após boa campanha na Libertadores em busca de um "fato novo" para o Gre-Nal e levou históricos 5 a 0;

Quando com o mesmo raciocínio imediatista contratou Argel Fucks mais pelo perfil "sangúineo" e pela história do treinador no clube do que por qualquer convicção em um trabalho a médio/longo prazo;

Quando depois de bons números no returno do Brasileiro – a segunda melhor campanha, só atrás do campeão Corinthians – e, mesmo sem atuações muito consistentes, resolveu manter Argel. A velha "gratidão" que pouco contribui e costuma comprometer o planejamento para o ano seguinte;

Também quando não preparou ou contratou uma liderança para suceder D'Alessandro, que voltou para o River Plate em fevereiro, e o time ficou um tanto órfão dentro de campo;

Quando depois de mais uma conquista estadual e o bom início no Brasileiro, uma oscilação tirou o emprego de Argel. Como se ninguém soubesse que os trabalhos do técnico se desgastam ao longo do tempo pela personalidade de difícil convívio. Faltou convicção na contratação e também na dispensa;

Quando tratou o maior ídolo do clube como um qualquer, condicionado a resultados imediatos. Falcão foi demitido com depois de cinco partidas, dois dias após assinar o contrato. De novo o pensamento mágico de que um mito dentro de campo resolveria no comando;

Quando seguiu com crenças e trouxe de volta Celso Roth, campeão da Libertadores em 2010 disputando apenas semifinal e final. Depois de outra demissão intempestiva, do uruguaio Jorge Fossati. Mas desta vez confiando pelo passado em um técnico que entregou a Jorginho o Vasco condenado ao rebaixamento em 2015. O que esperar?

A repetição do "milagre" do Lisca Doido, que salvou o Ceará do rebaixamento para a Série C. Faltando três rodadas para o fim do campeonato. Como podia dar certo?

Não deu. No campo, mais uma atuação pluripatética, salva pelo chute de Ferrareis que Marcos Felipe, jovem terceiro goleiro do Flu, aceitou e ao menos impediu a derrota na despedida. O último vexame. Ou não.

Porque o clube deve seguir na luta contra o Vitória nos tribunais para punir um suposto erro na negociação com o zagueiro Victor Ramos. Pior ainda se a CBF provar a utilização de documentação falsa por parte dos colorados. Tão lamentável quanto as declarações de Fernando Carvalho logo após a tragédia com a Chapecoense na Colômbia.

Seria a "cereja do bolo" de uma seqüência de equívocos de uma diretoria ultrapassada e incompetente. O desempenho em campo foi mera consequência. Duro golpe no torcedor que na semana do primeiro título importante do rival Grêmio em 15 anos vive a vergonha inédita do rebaixamento. A maior de todas.

A massa colorada não merecia. Mas foram muitas quedas nessa vagarosa descida até o inferno. Agora é pensar em 2017, com nova direção, provavelmente Antonio Carlos Zago no comando técnico.

Para superar 2016, independentemente da divisão, sem esquecer as várias lições deste ano negro. Para voltar a construir um futuro do qual se orgulhar. Sem deixar de ser um gigante.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.