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André Rocha

A Copinha e o "efeito Gabriel Jesus"

André Rocha

02/01/2017 12h39

Gabriel Jesus Copinha

Vai começar a Copa São Paulo de Futebol Junior, tradicional primeiro evento do ano no futebol brasileiro. 120 times inscritos em 30 grupos de quatro. Para uns o torneio é inchado, para outros democrático. Não é o ponto deste post.

Para saber mais da edição 2017 confira a volta do ótimo Gustavo Vargas e do não menos excelente Olheiros – antes site, agora blog. Leia AQUI.

O texto tem apenas o propósito de refletir sobre o efeito que um talento formado ou apenas revelado por um clube pode causar no time profissional.

Gabriel Jesus chegou ao Palmeiras em 2013. No ano seguinte explodiu como artilheiro na base a ponto de ser relacionado para os profissionais com 17 anos e chegou a ser tratado como solução para um time que lutava contra o rebaixamento. Depois acabou preservado.

Alexandre Mattos chegou, o cofre foi aberto por Paulo Nobre e o elenco foi totalmente reformulado. Nada menos que 25 contratações. Dudu foi a mais badalada, pelo "chapéu" nos rivais Corinthians e São Paulo. Mais outras tantas em 2016 e, mesmo com os títulos de Copa do Brasil e Brasileiro, o ano já começa com cinco negociações concluídas e outras em andamento.

Dos que entraram em campo, nenhum deu ao alviverde o retorno de Gabriel Jesus. Nenhum tem o talento e o potencial do jovem de 19 anos. Nenhum deu resposta tão importante e imediata por sua seleção. Ninguém foi a imagem da conquista que não vinha há 22 anos a rodar o mundo.

O clube tem estádio cheio, patrocínio forte, sócio-torcedor robusto. Mas os 76 milhões que recebeu do Manchester City pela negociação é que fazem o Palmeiras tão intenso no mercado. Ainda assim, é bem provável que o time sinta muita falta de seu artilheiro que vai para a Inglaterra trabalhar com Pepe Guardiola.

Goleador nos melhores momentos da equipe no primeiro turno do Brasileiro. Com o turbilhão negociação com a Europa-Olimpíada-Seleção principal, o ritmo caiu no returno, também influenciado pela proposta mais pragmática de Cuca.

Mas nos dois jogos mais complicados ele apareceu. Para evitar a derrota em casa para o Flamengo e abrir o placar no Independência quando o Atlético Mineiro massacrava com a intensidade habitual. Dois gols, dois pontos fundamentais para manter a vantagem no topo da tabela.

Não é todo dia que surge um Gabriel Jesus, que marcou cinco gols em seis jogos até ser eliminado pelo Botafogo-SP na Copinha de 2015. Mas vale ficar atento aos destaques do torneio e cobrar do seu time de coração a melhor transição para o profissional, ainda o grande gargalo das divisões de base pela falta de um trabalho de integração mais bem planejado.

O Flamengo, atual campeão, subiu o técnico Zé Ricardo, mas a utilização dos garotos foi tímida e mais emergencial, como Léo Duarte quando o elenco não tinha zagueiros e Filipe Vizeu na falta de uma reposição ao peruano Guerrero. Em 2017 precisa mudar.

Olhar para o mercado é necessário, mas quase sempre é o talento da base que desequilibra. O raciocínio é simples: se o Brasil não é atrativo para quem está no topo, a única chance de ter um craque na equipe, ainda que em formação, é revelando.

Neste ponto, não há melhor exemplo que o Santos e suas versões dos "Meninos da Vila". Mas hoje a referência é o "efeito Gabriel Jesus" no Palmeiras. Quem será o próximo?

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.