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André Rocha

Cruzeiro de Thiago Neves não pode se escalar pelo nome

André Rocha

06/01/2017 11h19

O melhor momento do Cruzeiro de Mano Menezes em 2016 foi quando o técnico colocou De Arrascaeta no banco e mandou a campo Rafinha. Ganhou intensidade e rapidez pela esquerda até a lesão do ponteiro que voltou contra o Corinthians na última rodada. O meia uruguaio voltou ao time, melhorou a produção depois do "susto" e terminou como um dos destaques.

Com a contratação de Thiago Neves enfim confirmada, as projeções da montagem do time para 2017 quase invariavelmente colocam o meia com De Arrascaeta e Rafael Sobis ou Robinho em um trio atrás do centroavante que deve ser Marcelo Moreno, liberando Ábila para o futebol chinês.

Na prática, este quarteto ofensivo num hipotético 4-2-3-1 não teria a peça de velocidade para ser a referência dos contragolpes quando o time precisa recuar as linhas. Não por acaso, Sobis na reta final da temporada chegou a atuar como referência para que Alisson, outra opção de maior rapidez, entrasse pela esquerda.

Thiago Neves é uma incógnita. Faz 32 anos em fevereiro, vem de três temporadas no "mundo árabe", com todas as suas particularidades. Em tese, pode ser o articulador canhoto partindo do lado direito que o Cruzeiro não tem desde Everton Ribeiro.

Potencialmente, Thiago sempre foi um meia completo: arma, tem visão de jogo e finaliza muito bem. O que faltou em sua carreira foi mais consistência para dar o salto que se imaginava. Mas pode ser útil.

O equatoriano Luis Caicedo é nome interessante para a zaga. Ezequiel terminou o ano como titular na lateral direita, mas se a ideia é usar Thiago Neves no setor, a melhor opção, ao menos na teoria, é Mayke, que sabe usar bem o corredor deixado pelo movimento do ponta articulador.

Fundamental é que Mano, com a pré-temporada que abriu mão ano passado para se aventurar na China, siga fiel aos seus conceitos e princípios e faça o básico que se espera de qualquer treinador: não escalar pelo currículo e sim por desempenho, tentando combinar as características dos jogadores.

Quando perguntado sobre escalação ideal, Tite costuma dizer que "o campo fala e o jogador se escala". Este precisa ser o norte do Cruzeiro para voltar a ser forte.

 

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.