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André Rocha

Messi suspenso pode ser inferno para Argentina em 2017. Ou o céu em 2018

André Rocha

28/03/2017 13h28

A Argentina de Edgardo Bauza lembra o Santos de Neymar sob o comando de Muricy Ramalho em 2011/12: a dependência de seu craque maior se reflete nos números. Aproveitamento de campeão (ou líder) com ele e de rebaixado na sua ausência.

Nas Eliminatórias, a albiceleste ganhou 15 dos 18 pontos com Messi. Derrota apenas contra o Brasil no Mineirão. 83% de aproveitamento. Sem ele, porém, foram sete pontos em 21. 33% dos pontos.

Sintomático. E preocupante com a suspensão de quatro jogos do camisa dez por ofender o assistente brasileiro Emerson Augusto de Carvalho na vitória sobre o Chile por 1 a 0 em Buenos Aires.

Se a AFA não conseguir diminuir a pena, Messi ficará de fora contra Bolívia e Uruguai fora e definindo a vida em casa diante de Venezuela e Peru. Voltaria na última rodada diante do Equador, em Quito. Está em terceiro com 22 pontos. O cálculo é de 28 pontos para alcançar ao menos a zona da repescagem. Ou seja, se não pontuar fora terá que vencer as duas na Argentina.

O desempenho e os resultados mostram que a equipe de Bauza viverá um inferno para conseguir a classificação em uma disputa parelha, fora o Brasil de Tite.

Bauza terá que montar uma equipe mais competitiva. Talvez até apelar para retrancas longe de Buenos Aires e uma estratégia pragmática, abusando de jogadas aéreas e ligações diretas para o ataque que segue com bom nomes – Higuaín, Di María, Aguero…

Mas caso consiga a pontuação para a disputa do Mundial da Rússia, o descanso forçado de Messi em 2017 pode refletir numa vantagem física na Copa. Repousando em datas FIFA, o gênio argentino chegaria menos desgastado.

Como, por exemplo, Ronaldo Fenômeno e Rivaldo na Copa de 2002. Voltaram na reta final da temporada europeia e chegaram voando na Ásia. Mesmo Zidane em 2006, na reta final da carreira, jogou menos pelo Real Madrid e também disputou a Copa na Alemanha mais inteiro.

Na Copa do Brasil em 2014, Messi conseguiu desequilibrar nas primeiras partidas, mas na reta final ficou claro que a parte física pesou, além dos adversários mais complicados, e o rendimento caiu bastante. A ponto de mudar dieta e preparação física para arrebentar na temporada seguinte e faturar a tríplice coroa e a Bola de Ouro pelo Barcelona.

Ano que vem pode ser diferente. Para isso, porém, A Argentina terá que jogar por sua estrela mais brilhante. Os números mostram que não será nada fácil.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.