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André Rocha

Pimpão é o símbolo do Botafogo no limite, mas classificado

André Rocha

19/05/2017 00h17

Botafogo novamente no 4-3-1-2 variando para as duas linhas de quatro que sacrifica Pimpão pela esquerda, mas é forte nos contragolpes exatamente com a referência de velocidade. Faltou contundência ao Atlético Nacional que rondou a área adversária e forçou pelos flancos com Quiñonez e Ibargüen (Tactical Pad).

A pré-temporada apressada e intensa para quem precisa passar pelas fases iniciais da Libertadores sempre cobra o preço em algum momento do ano. Precisa ser competitivo muito rapidamente e tem jogos duríssimos no momento em que o ideal é ganhar força gradativamente.

O Botafogo foi de entrega total diante de Colo Colo e Olimpia. Depois um grupo duro, com o atual campeão Atlético Nacional, mais Estudiantes e Barcelona de Guayaquil. Sem respiro.

Natural oscilar em desempenho. Quando tentou propor jogo se complicou no Engenhão contra o Barcelona. Era preciso vencer para não ter que pontuar na rodada final contra os argentinos. O desafio era encarar o time colombiano em recuperação, de bela atuação na volta da decisão da Recopa Sul-Americana atropelando a Chapecoense.

Era preciso sacrifício. E jogar no limite é com Rodrigo Pimpão. No 4-3-1-2 armado por Jair Ventura, é o atacante de velocidade com piques seguidos. Só que também precisa voltar pela esquerda para compor a segunda linha do 4-4-2 que é a variação tática para bloquear os flancos.

Primeiro tempo sofrido. Gol perdido por Roger em contragolpe puxado por Pimpão logo no início. Atlético Nacional no habitual 4-2-3-1 que dá liberdade a Macnelly Torres na articulação e força pelos flancos, desta vez com Quiñonez e Ibargüen.

60% de posse, sete finalizações a cinco de quem precisava dos três pontos para sobreviver. O Botafogo tentava controlar o jogo sem a bola para acelerar a transição ofensiva. Mas pecava nos passes. Muitas bolas longas e inversões. Ficou menos com a bola e errou mais: 23 a 20.

Quando trabalhou no chão com passe mais curto que permitiu descer em bloco, Lindoso encontrou Pimpão em seu primeiro deslocamento saindo do lado esquerdo. Arranque e finalização precisa. O quarto no torneio continental.

O gol no início da segunda etapa para afirmar a maneira de jogar e minar as forças dos colombianos, que seguiram insistindo pelos lados, mas sem contundência. Até pela atuação impecável do jovem zagueiro Igor Rabello. Reinaldo Rueda arriscou um 4-4-2 com o atacante Luis Carlos Ruiz na vaga do volante Aldo. Jair respondeu com velocidade: Guilherme no lugar de Roger.

Mas sem poupar as energias de Pimpão, que seguia indo e voltando pela esquerda. Até sair exausto para entrar Gilson. Guilherme perdeu a chance de ampliar, assim como Carli desviando cobrança de escanteio. Foram 12 finalizações, uma a menos que os visitantes. Nada menos que 23 desarmes certos contra dez. Seguiu errando mais passes, porém compensou com fibra e a eficiência na conclusão.

O símbolo de todas as virtudes é Pimpão. Deixando 100% no campo. O prêmio veio em forma de vaga nas oitavas-de-final na Libertadores. A competição mais importante que foi priorizada. Desde o início, com todos os sacrifícios. Um exemplo.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.