Desafio do Barcelona é voltar a ser competitivo sem abrir mão da fantasia
A tônica do Barcelona na temporada 2016/17 foi a dependência do trio MSN, especialmente de Messi. Quando o talento desequilibrava e o adversário murchava, começava o show, com jogadas plásticas e gols em profusão – 171, 111 dos atacantes sul-americanos (65%).
Faltou o trabalho coletivo. Fiel à filosofia do clube, que preza a posse de bola e o protagonismo nas partidas, mas com intensidade e consistência. Também alternativas, já que todas as ações estão mapeadas há algum tempo. Desde a saída de bola, dificultada pela marcação avançada, até o ataque posicional, bloqueado por linhas compactas à frente da própria área. Inversões, diagonais, zonas de maior circulação da bola…Tudo estudado, previsível.
Restava o improviso, o jogo um tanto aleatório. Como nos insanos 6 a 1 sobre o PSG, com ajuda da arbitragem, e os 3 a 2 sobre o Real Madrid, as grandes vitórias na temporada. Sem controle do jogo ficando com a bola. Perdeu igualmente a força na pressão para desarmar no campo de ataque.
Porque o time envelheceu e não investiu certo nas reposições. Busquets e Iniesta estão na história do clube, mas fragilizaram o meio-campo. Ficou claro contra a Juventus na Liga dos Campeões. Com a oscilação de Rakitic e André Gomes não mantendo a excelência no setor ficou bem mais difícil.
Para complicar tudo, a saída de Daniel Alves deixou um buraco na lateral direita que ninguém conseguiu compensar. Atacando e mesmo defendendo. Perdeu o elemento surpresa. Com a queda de rendimento de Jordi Alba, o lado esquerdo dependeu ainda mais de Neymar.
Ponteiro sacrificado para liberar um Messi que precisa ficar solto para fazer a diferença jogando mais próximo de Suárez. Mas quando os rivais negam espaços e exploram os espaços às costas da retaguarda, o Barça sofre.
A missão do sucessor de Luis Enrique, que se despediu na conquista do tricampeonato da Copa do Rei, 29ª conquista do clube, com os 3 a 1 sobre o Alavés na última partida no Vicente Calderón, é devolver a competitividade sem perder a capacidade de promover o espetáculo que virou a marca dessa equipe global e midiática. Símbolo de futebol arte.
Ernesto Valverde deixou o Athletic Bilbao deve ser anunciado em breve como o novo treinador. A ida ao mercado precisa ser inteligente e cuidadosa, formar um elenco homogêneo. O Real Madrid de Zidane, com os reservas garantindo pontos fundamentais e descansando os titulares em momentos importantes, pode ser boa referência.
Para que a Chuteira de Ouro de Messi, com 37 gols no Espanhol e 54 na temporada, não seja um prêmio de consolação, enquanto Cristiano Ronaldo praticamente garante a quinta Bola de Ouro pela conquista do Espanhol e por disputar mais uma final de Liga dos Campeões. Contra a Juventus, que mandou o Barça para casa sem grandes dificuldades. Sem sofrer gols do ataque arrasador.
Porque o Barça não competiu. Em 2012, o título solitário da Copa do Rei marcou o fim da Era Guardiola. Agora é o momento de se reinventar mais uma vez para voltar a fazer história, na Espanha e na Europa. Sem abrir mão da magia.
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