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André Rocha

Real Madrid de Cristiano Ronaldo entra para o grupo dos grandes esquadrões

André Rocha

03/06/2017 17h50

É uma equipe que não encanta. Não revoluciona taticamente, embora sinalize o futuro como um time "camaleão" – vence dominando a posse de bola, no contragolpe ou na bola parada. Ainda que Zinedine Zidane tenha arrumado o time com uma atualização do 4-3-1-2 que se fecha em duas linhas de quatro com Isco alternando pelos flancos.

Mas não dá para negar: o Real Madrid de Cristiano Ronaldo entra no grupo dos grandes esquadrões. Aqueles históricos, lembrados daqui a vinte, trinta…cinquenta anos!  São três títulos da principal competição de clubes do planeta em quatro edições. Na que perdeu chegou nas semifinais. Se voltarmos um pouco mais, esteve entre os quatro melhores da Europa também em 2011, 2012 e 2013.

A referência, porém, é a partir de "La Décima" em 2014. Afinal, de lá para cá o time mudou muito pouco. Saíram Casillas, Xabi Alonso e Di María, Coentrão perdeu a vaga para Marcelo, Pepe se lesionou. Mas a base é a mesma. De Carlo Ancelotti para o seu ex-auxiliar Zidane. Com um esquecível e lamentável Rafa Benítez de "hiato".

Mantendo a proposta de jogo e a gestão de vestiário. Com calma, dando leveza, sem tantas cobranças nos aspectos táticos e estratégicos. Ataca num 4-3-3 ou 4-3-1-2, defende em duas linhas de quatro. Futebol simples, com força mental e aproveitando a qualidade individual.

Com dois toques pessoais do "Zizou": Casemiro na proteção e ainda aparecendo na frente para ir às redes, como no gol fundamental nos 4 a 1 sobre a Juventus em Cardiff. E a gestão do elenco, descansando titulares importantes para a equipe voar no final da temporada. A superioridade física no segundo tempo da final foi clara, depois do domínio da equipe italiana e o golaço de empate com Mandzukic na primeira etapa.

Acima de todos, o incrível Cristiano Ronaldo. Já uma lenda. Nas três conquistas foi o artilheiro absoluto da competição continental. Agora fechou a fase de grupos com apenas dois. No mata-mata, contra Bayern de Munique e Atlético de Madri, nada menos que oito. Na grande final, mais dois, superando os onze de Messi. 600 na carreira, 105 na Liga dos Campeões. Com o conquistado pelo Manchester United em 2008, são quatro conquistas. Primeiro a marcar gols em três decisões. Artilheiro absoluto, quinta Bola de Ouro garantida. Maior jogador da história do Real Madrid. Repito: melhor finalizador que este blogueiro viu ao vivo, superando Romário, Ronaldo, Van Basten. Todos.

Vamos aos feitos da equipe merengue: primeiro bicampeão da Era Champions League. A Juventus só tinha sofrido três gols em 12 jogos. O Real enfiou quatro na decisão, com Asensio fechando a goleada no final. Foi às redes nos últimos 65 jogos.

É histórico. Um time que marca época, ainda que não tenha um estilo particularíssimo como o Barcelona. Não encanta, mas vence com talento, pragmatismo e força mental. Eram nove ligas do clube, agora são doze. Graças a Zidane, Marcelo, Sergio Ramos, Casemiro, Modric, Isco…E a este impressionante Cristiano Ronaldo. Um gênio do nosso tempo.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.