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André Rocha

Com Douglas Costa, Tite projeta uma seleção mais ofensiva

André Rocha

13/06/2017 09h04

O gol aos 11 segundos de Diego Souza em bola roubada no campo de ataque condicionou toda a sequência do amistoso em Melbourne. Não virou goleada ainda no primeiro tempo pelo natural desentrosamento de uma seleção brasileira muito modificada e também pelo trabalho de pressão no campo de ataque e compactação defensiva da Austrália.

De positivo, a paciência e a vontade de qualificar a saída de bola, mesmo com a pressão adversária. Por isso a opção por David Luiz à frente da defesa. Este e mais Thiago Silva e Rodrigo Caio tiveram desempenho correto e ainda apareceram na jogada aérea que terminou no segundo gol, de Thiago. Interessante para transferir ainda mais confiança para o zagueiro em seu processo de retorno à seleção.

Mas, pensando no futuro, valeu a observação da movimentação do trio de meias atrás de Diego Souza. Variação natural do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1 quando Philippe Coutinho avançava, Paulinho ficava mais próximo a David Luiz. Giuliano e Douglas Costa pelos flancos, alternando o posicionamento em alguns momentos para atuar com os pés trocados – o canhoto à direita, o destro pela esquerda.

Infelizmente Coutinho e Douglas não renderam o esperado, nitidamente sentindo na parte física o fim de temporada europeia. Porque Tite pensa mais à frente em uma proposta ofensiva reunindo Coutinho, Douglas Costa, Neymar e Gabriel Jesus. Com trocas de posição, tabelas e triangulações. O primeiro ensaio com Douglas, disponível depois de cortes por lesões, teve alguns bons momentos. Merece uma experiência mais à frente.

Assim como Diego Souza novamente correspondeu e fica como uma alternativa para quando faltar Jesus ou Roberto Firmino. Tem personalidade e rende na função de pivô, ainda que não jogue assim no Sport. Ainda marcou o quarto gol, de cabeça. Willian e Taison entraram e foram os protagonistas da jogada do terceiro gol, marcado pelo ponteiro do Shakhtar Donetsk.

Com auxílio luxuoso de Paulinho, titular nas duas partidas por sua consistência. Em técnica e fisicamente. Com leitura de jogo para ser volante e meia. Meio-campista. Aposta de Tite que pode seguir como titular até mesmo nesta variação mais ofensiva no futuro. Hoje está à frente de Renato Augusto.

Apesar da vibração do treinador nos gols, os 4 a 0 têm o mesmo peso da derrota para a Argentina. Nenhum. Importante foi fazer observações e notar que o modelo de jogo está bem assimilado, mantendo a competitividade mesmo com tantas alterações. O trabalho caminha bem. Basta seguir como está: atento e inquieto.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.