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André Rocha

Levir Culpi pode ser o "Renato Gaúcho" de Dorival Júnior no Santos

André Rocha

15/06/2017 00h23

Estrear técnico num período sem tempo para treinamentos, com partidas a cada três dias, é sempre uma missão inglória. Não foi diferente para Levir Culpi que recebeu de Elano o Santos de Dorival Júnior.

No clássico da Vila Belmiro, foi possível ver uma equipe mais atenta, intensa e buscando um jogo mais vertical – na vitória sobre o Atlético-PR já havia chamado atenção a efetividade. Nem sinal da posse estéril de vários momentos da temporada.

Mas a proposta de não ser tão protagonista, definindo mais rapidamente a jogada tem efeitos colaterais, como a pressão palmeirense no segundo tempo que transformou Vanderlei no melhor jogador em campo. Triunfo com arbitragem polêmica no gol de Kayke em disputa com Edu Dracena  Impressão de falta do atacante no zagueiro, que reclamou de infração sobre ele também no segundo tempo, mas na área santista.

Passe de Jean Motta, improvisado novamente na lateral esquerda e sofreu na defesa com os seguidos ataques palmeirenses. Faltou também mais mobilidade de Lucas Lima, vigiado pelo volante Thiago Santos. O 4-2-3-1 mantido por Levir teve problemas de compactação.

O Santos terminou com 49% de posse, apenas oito finalizações contra 14 do rival – cinco a oito no alvo. Por outro lado, foram 29 desarmes certos contra 16. Uma clara mudança de perfil e de postura.

Primeira vitória em clássicos na temporada. De um alvinegro praiano que pode viver experiência parecida com a do Grêmio. Assim como Roger Machado, Dorival Júnior deixa um estilo assimilado num trabalho de quase dois anos, porém desgastado.

Levir não é o maior ídolo do Santos, como Renato Portaluppi no time gaúcho. Mas sua visão de futebol e gestão de vestiário podem trazer ao time um complemento às práticas do antecessor. Alternando a valorização do controle da bola com mais rapidez na transição ofensiva, contundência no ataque e o modo Levir de lidar com todos: direto e franco, sem os laços que Dorival construiu naturalmente pelo tempo de convivência. A concorrência vai ficar mais aberta. o ambiente mais competitivo.

Em junho será difícil ver uma mudança mais significativa, pela sequência de jogos. Por ora, importante é pontuar para mudar o patamar na disputa. Com os nove pontos nas últimas três rodadas, já se aproximou do G-4. Sem alarde, o atual vice-campeão pode voltar a brigar no topo. Com Levir como o "Renato Gaúcho" da Vila Belmiro.

(Estatisticas: Footstats) 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.