Luan na zona desfalcada do rival pode ser a chave de Grêmio x Corinthians
Nenhum campeonato de pontos corridos com 20 clubes é decidido na décima rodada. Nem o espanhol, se Barcelona e Real Madrid se enfrentarem, um vença e abra dez pontos na liderança. Mas pode sinalizar tendências.
O Corinthians está invicto há 22 jogos. O Grêmio marcou gols em todos os jogos de 2017 e tem 100% de aproveitamento em sua arena no Brasileiro. Só a disputa no topo da tabela já seria motivo para chamar todos os holofotes para si no fim de semana.
Mas também será um duelo em tática e estratégia. Com um desfalque chave: Gabriel, expulso contra o Bahia. Porque uma mudança sempre altera o entrosamento. Neste caso, das ações com Maycon na proteção da defesa e da própria retaguarda no sistema de coberturas.
Logo contra Luan. Quatro gols e líder em assistências, com seis. O atacante que é meia e joga entre as linhas. Ou seja, se movimenta nos espaços deixados entre a defesa e o meio-campo do adversário. Mais ainda com a presença de Lucas Barrios no centro do ataque do 4-2-3-1 montado por Renato Gaúcho.
Luan que tem seu trabalho facilitado pelo jogo fluido no meio-campo com Michel, Arthur – segundo melhor passador da competição, com 96% de acerto – e Ramiro, o volante-meia pela direita que abre espaços para o apoio de Léo Moura, agora Edilson com a lesão do lateral veterano. Também facilita a movimentação de Luan e Barrios que atacam aquela brecha e indefinem a marcação.
Time gaúcho que constroi muito volume de jogo atuando em seus domínios. E vai precisar diante do melhor sistema defensivo do país. Com Fabio Carille, que mantém a identidade corintiana construída por Mano Menezes e Tite e foi praticamente pulverizada por Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira.
Que terá Paulo Roberto no lugar de Gabriel e certamente Maycon mais fixo na proteção, dando liberdade a Rodriguinho para se aproximar de Jô. Equipe que apostará forte na compactação, no erro zero com concentração absoluta e na tática da "bola coberta": pressão no gremista que estiver com a pelota e adiantar as linhas. Se o oponente conseguir sair da dificuldade, a última linha de defesa recua, protege a meta, não se expõe.
Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana. Entrosados e sintonizados nos movimentos que cedem poucos espaços no "funil", com chamam os treinadores. Ou seja, a área mais central da zona de decisão. Por onde são feitas as diagonais dos ponteiros para finalizar, as tabelas pelo meio e as penetrações de quem vem de trás.
Ofensivamente, o time paulista tem buscado ser mais criativo. Aposta em triangulações, toques rápidos e mobilidade. Com Jadson saindo da direita para dentro, Romero infiltrando em diagonal a partir da esquerda, Rodriguinho e Maycon aparecendo nos espaços vazios, Fagner e Arana intensos no apoio ao ataque.
Na referência, Jô. Em plena forma para reter a bola na frente, fazer o pivô, aproveitar o jogo aéreo e chamar lançamentos para usar a velocidade adquirida com a dedicação ao condicionamento físico. Centroavante decisivo até aqui em clássicos e jogos grandes e que pode ser fundamental.
Ainda mais se Renato Gaúcho perder Kannemann, dúvida por lesão. Impacto no entrosamento com Geromel na defesa titular que só foi vazada nos 3 a 3 contra o Cruzeiro, melhor jogo da Série A em 2017 até aqui. O Grêmio terá postura ofensiva, mas com cuidados. Ramiro e Pedro Rocha fechando com Michel e Arthur uma segunda linha de quatro bem próxima à defesa na recomposição. Guardar o setor de Cortez, que pode ter problemas com o apoio de Fagner e a movimentação dos companheiros quando Jadson sai da direita do ataque.
Em estatísticas, o Corinthians é superior em posse de bola e acerto de passes. Já o Grêmio é mais objetivo, precisa de cinco finalizações para marcar um gol. É o ataque mais positivo, com 23 bolas nas redes adversárias em nove partidas.
Mas a tendência é que os donos da casa tenham a bola e rondem a área corintiana com paciência e acerto nos passes esperando surgir a brecha. A pressa na definição da jogada pode dar o contragolpe que o rival espera. Até porque, objetivamente, a partida, pelo mando de campo e por buscar a liderança, vale mais para o Grêmio. A volta será em Itaquera, sabe lá em quais condições e em que posição na tabela.
Há um favorito, natural pelo mando de campo e por ter em Luan uma peça chave numa zona do rival enfraquecida por uma ausência. Sem desmerecer Paulo Roberto, a falta de Gabriel pode ser decisiva. Não por uma suposta marcação individual sobre o grande destaque gremista, mas pela perda nos movimentos coletivos dentro de um bloqueio por zona que vem sendo executado quase com perfeição. Por isso é a defesa menos vazada, com apenas cinco bolas nas redes de Cássio.
É difícil vencer esse Corinthians. Mas hoje, no país, se há uma equipe capaz da façanha é o Grêmio.
(Estatísticas: Footstats)
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