Alguém vai chorar sangue no Mineirão
É improvável que um time mandante tão poderoso, o atual campeão brasileiro, deixe tantos espaços para contragolpes, permita tantas lacunas em seu sistema de marcação e aceite que um elo fraco como Fabiano, totalmente perdido pela direita, fique tanto tempo em campo num jogo eliminatório como fez o Palmeiras no primeiro tempo do Allianz Parque.
Mesmo com a pressão inicial e a fantástica jogada individual de Guerra. Os dois gols em contragolpes no setor de Diogo Barbosa e Alisson, com este marcando o segundo e aquele servindo Thiago Neves no primeiro, são jogadas em velocidade construídas com muito espaço. O segundo, sim, tem méritos pela articulação pela direita que achou Robinho com liberdade na área. Mas novamente o encaixe com perseguições individuais de Cuca foi desmontado com facilidade.
Não existe um time tão forte sair com três a zero contra em casa num torneio eliminatório com gol "qualificado". Mesmo que a Copa do Brasil não seja prioridade na temporada. Ainda que o adversário tenha obtido eficiência máxima ao colocar nas redes de Fernando Prass as únicas três finalizações em 45 minutos.
Assim como é inconcebível um visitante voltar do intervalo no Allianz Parque com tamanha vantagem e não esperar um time de Cuca partindo para o abafa no modo "Porco Doido" para buscar a reação. Intensidade máxima, preenchendo a área adversária com muita gente e partindo para o jogo aleatório – com fibra, entrega e 33 cruzamentos no total – para trazer a torcida junto.
Era o jogo para a equipe de Mano Menezes controlar os espaços, mesmo que permitisse os 61% de posse alviverde. Mas evitando os cruzamentos e se organizando para os contragolpes, ainda que Fabiano, o "mapa da mina" do rival, não estivesse mais em campo. Mas deixou tudo ruir em 20 minutos com dois gols de Dudu e um de Willian.
Impressionante não terminar em virada. Fez lembrar os 3 a 3 lendários entre Liverpool e Milan em Istambul na final da Liga dos Campeões 2004/2005. Reação imediata e tão contundente dos ingleses, em 14 minutos, que seria capaz de encher o time que a alcançou de forças para buscar a virada inacreditável e de abalar o que sofreu a ponto de desmanchar. Na prática, porém, não determina uma mudança no placar.
A decisão europeia foi para prorrogação e pênaltis. A disputa pelas quartas-de-final da Copa do Brasil vai para o Mineirão. O Palmeiras só pode pensar em vitória, já que um 4 a 4 é bem improvável. O time mineiro, junto da torcida, não tem como não vislumbrar um triunfo para compensar tamanho vacilo em 20 minutos de segundo tempo. Mesmo longe de Belo Horizonte e encarando um dos elencos mais fortes do país.
Em tese, os 3 a 3 seriam para comemorar pelos gols marcados fora. O Palmeiras celebrou a invencibilidade em casa na temporada. Mas os equívocos de ambos são inegáveis neste jogo mais maluco que de alto nível técnico e tático. Alguém vai chorar sangue na volta.
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