Topo

André Rocha

LIberdade e protagonismo: as ofertas do Barça em campo para seduzir Neymar

André Rocha

27/07/2017 11h56

Na vitória por 1 a 0 sobre o Manchester United no FedEx Field, o Barcelona marcou seu terceiro gol pela Champions Cup. O terceiro de Neymar, o grande destaque do primeiro tempo com as equipes utilizando os titulares e colocando intensidade máxima, mesmo num torneio de pré-temporada. Exatamente por saber que no segundo tempo os reservas seriam utilizados.

Ao menos pelo novo comandante blaugrana, Ernesto Valverde. José Mourinho, sempre atento ao resultado, mexeu menos para buscar a virada e viu os titulares mantidos em campo sofrerem com o desgaste natural em um início de trabalho. Os Red Devils ameaçaram pouco a meta do goleiro Jasper Cillessen.

Assim como nos 2 a 1 sobre a Juventus, o que ficou claro em campo é que Neymar ganhou mais liberdade para circular por todo ataque, embora parta quase sempre do lado esquerdo. O trabalho defensivo também está mais brando, sem voltar tanto na recomposição. A linha de três no meio teve o jovem Carles Aleñá, produto de La Masia, correndo bastante para articular no meio e auxiliar o lateral Jordi Alba.

Com isso, Messi funciona mais como armador. Ou o antigo "ponta-de-lança", atuando na área que domina: da meia direita carregando a bola em diagonal para passar ou finalizar. Suárez girou na frente abrindo espaços e o trio está menos previsível. A equipe, porém depende mais deles, já que todos trabalham para que os atacantes sul-americanos fiquem mais soltos.

Solução que cria incoerências, como o lateral português Nelson Semedo, contratado para suceder Daniel Alves exatamente por sua força no apoio, guardar mais sua posição pela direita e praticamente não descer, mesmo com o corredor cedido por Messi. Rakitic aproveitou mais o espaço, mas nem tanto. Exatamente pelas maiores atribuições defensivas.

De qualquer forma, a impressão que fica é que o Barcelona, ou talvez apenas o grupo de jogadores, tenha encontrado uma forma de seduzir Neymar a ficar, mesmo com a sombra de Messi, inclusive na hierarquia midiática, os problemas com a justiça espanhola e a resistência do clube em aumentar seu salário: liberdade e protagonismo.

Não mais o ponteiro do tridente a se sacrificar taticamente, mas um membro do melhor ataque do mundo em potencial com os mesmos direitos de visibilidade. Também de ir às redes e aproveitar a sua sanha de goleador que andava um tanto ofuscada pela missão de ser mais assistente que finalizador.

Como na lógica dos boleiros tudo se resolve no campo, o plano pode funcionar e Neymar seguir na Catalunha.

Neymar no PSG? Veja detalhes da negociação

UOL Esporte

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.